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Acreditação Internacional JCI
Acreditamos e cumprimos padrões internacionais de segurança e qualidade

HPA Magazine 11


Uma das estratégias adotadas para melhorar a qualidade, a segurança e a produtividade nas organizações de saúde é a adesão a processos de acreditação clínica. O Grupo HPA Saúde decidiu investir nessa melhoria e no passado mês de setembro viu os seus hospitais de Alvor e Gambelas serem acreditados pela Joint Commission International.
As peritas da mais importante instituição internacional de auditoria clínica reviram o cumprimento de mais de 300 padrões de excelência e mais de mil parâmetros relacionados com a segurança do paciente e a qualidade dos cuidados.
Esta acreditação internacional agora atribuída a todos os serviços clínicos e não clínicos dos Hospitais de Alvor e Gambelas, reconhece que os nossos profissionais e unidades pautam-se pelos mais elevados padrões de segurança e qualidade em áreas como o controlo de infeção, o atendimento, os cuidados médicos e cirúrgicos, mas também a liderança e a gestão organizacional.
Integrarmos o grupo dos hospitais mais seguros do mundo, situando-nos na região mais turística de Portugal, deve constituir um motivo de orgulho para todos, não só no âmbito regional, mas também no âmbito nacional.


Dr. João Bacalhau
Presidente do Conselho de Administração

Qual foi o objetivo fundamental para que os Hospitais de Alvor e Gambelas se propusessem à acreditação pela JCI?

Fundamentalmente conhecer e aumentar os nossos níveis de qualidade e segurança, mas também normalizar e padronizar algumas práticas da nossa atividade. Além disso, acreditamos também que esta experiência contribuiu para melhorarmos a cultura voltada para a qualidade e segurança dos pacientes.
As organizações de saúde têm como missão principal oferecer recursos diagnósticos e terapêuticos que permitam aos seus pacientes o restabelecimento da sua saúde o mais rápido possível. Dessa forma, são necessários mecanismos e procedimentos que lhes permitam desenvolver um trabalho confiável, suportado na qualificação organizacional e técnica.
Como as instituições de saúde realizam atividades de alta complexidade, diferenciação e responsabilidade, acreditamos que a padronização dos mesmos facilita o alcance de resultados e sobretudo permite satisfazer de forma mais eficaz as necessidades de quem nos procura.
Uma acreditação como é a da JCI garante que a estrutura promove e desenvolve condições para a realização de procedimentos clínicos e não só, com segurança, habilidade e excelência.

Esta acreditação já era há algum tempo um projeto da Administração. Foi este o tempo certo?

Sim, é verdade. Já vínhamos avaliando esta possibilidade desde a alguns anos. Achámos que esta foi a altura certa. Já adquirimos a maturidade suficiente para nos propormos a este desafio. Temos equipas sólidas, com muita experiência, dedicadas e em exclusividade connosco que nos deram a segurança e a serenidade para encararmos este desafio.
Aliás, gostava de sublinhar que esta vivência foi muito interessante e enriquecedora do ponto de vista da gestão de recursos humanos e da liderança. Refiro-me ao empenhamento e à motivação que testemunhei de perto em muitas equipas; todos queriam participar, todos queriam colaborar e sobretudo partilhar esforços e conhecimento. Tenho a certeza que todos viveram um tempo enriquecedor do verdadeiro trabalho em equipa.


Enf.º Alexandre Gonçalinho
Direção da Qualidade

Como se organiza e planeia um processo de acreditação como o da JCI?

Com muito tempo e sobretudo com o empenho muito grande de um conjunto vasto de pessoas. Naturalmente que há ingredientes que são necessários: ter as pessoas certas, as pessoas motivadas e planear de forma concertada todas as atividades. 
A existência de uma equipa coordenadora foi a primeira decisão que tivemos de tomar. A Administração entendeu rapidamente essa necessidade e ofereceu todas as condições para que a equipa pudesse avançar na organização de todo o processo. 
Não posso deixar de referir que o facto de já possuirmos há muitos anos certificações ISO no âmbito da Qualidade e Ambiente, nos facilitou a dinâmica e mesmo o entendimento do normativo. Contudo, também assumimos que os critérios clínicos exigentes da JCI, baseados num referencial norte-americano, nos obrigou a muito trabalho “novo”. 
Independentemente dos resultados alcançados, que nos deixam naturalmente muito satisfeitos, cremos que é importante realçar que esta experiência nos deixou mais fortes e seguros no que respeita às nossas práticas, pois deu-nos ferramentas importantíssimas para o exercício diário: uma análise baseada em rigor e reflexão crítica que nos permitem trabalhar em níveis elevados de qualidade e segurança.

 

Acreditar dois hospitais, um a seguir ao outro, é uma tarefa muito compensadora, mas igualmente árdua e, apesar de existirem muitos processos comuns, há também algumas especificidades.

Sim, foi uma tarefa árdua. Foram duas semanas um tanto loucas. É verdade que há muitos requisitos comuns entre as duas unidades e, naturalmente quando na 2ª semana avançámos com o Hospital de Gambelas, já levávamos experiência, no sentido de saber onde poderíamos fazer melhor.
Mas prefiro dizer que foram duas acreditações independentes, porque além de termos serviços diferentes, há a especificidade por exemplo das instalações, sendo que este foi um aspeto que foi verificado de forma muito rigorosa. Aliás a segurança das instalações e equipamentos é um requisito com muito peso na acreditação JCI. 
Outro aspeto relaciona-se com a especificidade dos serviços. Por exemplo, a Medicina Hiperbárica só existe em Alvor, a Maternidade e a Neonatologia só existem em Gambelas e, desse modo foram processos que foram construídos de raiz e individualmente, no sentido que não puderam ser partilhados.
Mas sim, é verdade que fomos muito arrojados. Acreditar dois hospitais com as dimensões que os nossos têm, foi um grande desafio, que só foi possível alcançar, repito, com as pessoas certas e com grande motivação e dedicação. Houve um grande esforço das equipas no que respeita à sistematização de tarefas administrativas, no âmbito da criação do normativo. Foi talvez a área mais pesada de cumprir.
Mas a verdade é que fomos felicitados pelas auditoras relativamente às pessoas. Chegaram a confidenciar que nunca tinham conhecido equipas tão motivadas, proativas e disponíveis e sobretudo que manifestassem tanta vontade em ser auditadas. Gerou-se de facto uma corrente de entusiasmo muito interessante, as equipas queriam conhecer verdadeiramente os seus níveis de qualidade e segurança. Foi definitivamente muito gratificante.

É comum dizer-se que a preparação para o processo de reacreditação, começa logo no dia seguinte ao da acreditação. 

É verdade. Como facilmente se entende estas auditorias deixaram-nos ideias e oportunidades de melhoria. Nesse aspeto, no dia seguinte devemos começar a pensar na forma de as operacionalizar e alcançar.
Além disso, possuir uma acreditação internacional deste âmbito deve traduzir-se em melhorias nos indicadores de qualidade e de desempenho, sendo que esse deve ser o foco do “dia seguinte”, o foco que trará e alicerceará uma reacreditação


Enf.º Luís Fernandes
Gestão da Plataforma Documental

Foi um dos rostos mais visíveis do processo de acreditação, uma vez que teve a responsabilidade de criar e monitorizar todos os documentos da plataforma documental, uma ferramenta que funciona como o ADN da organização e é a manifestação operacional da Acreditação.

Conhece detalhadamente todo o normativo e, consequentemente todo o sistema documental que no fundo moldou e é a “coluna vertebral” da Acreditação. Como se monta este processo e sobretudo como se monitoriza?

O primeiro passo consistiu na leitura atenta e aprofundada do Manual dos Padrões de Acreditação da JCI de forma a termos uma visão geral do exigido. A partir daí iniciou-se o diagnóstico do que já tínhamos no que respeita a normas e procedimentos. Foi necessária a construção de novos documentos e a reformulação de outros, com vista à padronização de procedimentos em diferentes áreas como: segurança do paciente (com ênfase nas 6 metas internacionais), prática clínica, segurança das instalações e muitos outros.
Tornou-se necessária a identificação de responsáveis por cada departamento a quem se distribuíram tarefas relacionadas com a sua área funcional para elaboração, divulgação e implementação do normativo, funcionando estes elementos como pivôs do processo da acreditação.

Deparou-se com áreas onde foi mais difícil dar cumprimento aos requisitos e portanto construir documentos?

Um hospital é um “organismo” de grande complexidade. Não existem apenas áreas clínicas. Existem áreas da engenharia, infraestruturas, ambiente, segurança… Quero com isso dizer que construir sozinho todo um processo normativo seria impossível. Foram necessárias múltiplas reuniões interdepartamentais nas quais servi como um meio de ligação entre o manual JCI e os diversos departamentos, ajudando a interpretar o que era exigido e a aplicá-lo no contexto do Hospital.

Quais as maiores dificuldades sentidas relativamente ao facto de ter de cumprir requisitos/organizar informação que tem um fundamento concetual norte-americano?

O desafio foi não só moldar a concetualização norte-americana para o contexto português mas também dar resposta àqueles que são os requisitos mais exigentes. Foi necessário ter em consideração que, para cada padrão e elemento mensurável, se o requisito da JCI fosse mais exigente do que a legislação nacional, teríamos que o transpor para o nosso normativo. 

Enf.º Simão Martins
Direção da Gestão do Risco

Preside à Comissão de Gestão de Risco e Segurança do Paciente. Tendo em conta que a Acreditação JCI assenta no cumprimento das metas internacionais de segurança do paciente, a sua área de intervenção é transversal a todo este processo.

Na prática como se monitoriza a Gestão de Risco e Segurança e como se estabelecem critérios de melhoria?

A Administração do Grupo HPA Saúde constituiu a Comissão de Gestão de Risco e Segurança do Paciente em meados de 2017, com a missão bem definida no que diz respeito à Segurança do Paciente: analisar toda a estrutura da instituição, todo o referencial normativo bem como todas as fragilidades apontadas até então.
Paralelamente, a Comissão foi dotada de uma ferramenta eletrónica que permitiu que todos os colaboradores, sem exceção, participassem ativamente no relato de incidentes e eventos adversos ocorridos na organização. Esses indicadores são analisados de forma independente, classificados quanto ao Risco, sendo posteriormente elaborado um plano de ações, de forma a mitigar o risco inerente.
Relativamente ao estabelecimento de critérios de melhoria, creio que os mesmos se encontram na própria funcionalidade da Comissão. Isto é, iniciámo-nos neste processo com um modelo de Gestão de Risco Reativo (análise e ação) e fomo-nos tornando mais ambiciosos, investindo paralelamente num modelo mais estruturado, com objetivos melhor definidos, ou seja, um modelo também Proativo. Dessa forma, além de mantermos o Sistema de Relato de Incidentes, empenhámo-nos para o biénio 2018-2019 nas Avaliações de Risco em Serviços/Áreas, Auditorias e Monitorização de indicadores clínicos, trabalhando em conjunto com o Departamento da Qualidade e, ainda nas análises de risco de processos e no benchmarking nacional através do Sistema Nacional de Avaliação em Saúde (SINAS).

Que análise faz ou de que forma se alterou a cultura organizacional relativamente ao Risco e Segurança, neste último ano? 

Podemos neste momento afirmar que o Grupo HPA Saúde está desperto para esta temática e numa busca incessante pela Segurança e Excelência dos cuidados.
A estrutura está a tornar-se mais reflexiva, problematizando mais os processos internos e acima de tudo, com o envolvimento de todos os colaboradores.
O exemplo concreto desse paradigma foi o resultado obtido no inquérito que fizemos junto dos colaboradores, cujo objetivo era a análise da cultura de segurança interna. Os resultados espelharam a evolução sentida e o envolvimento de todos, podendo realçar o facto de cerca de 60% dos colaboradores classificar a sua unidade/serviço em “Excelente” e “Muito Boa” no que diz respeito à segurança do paciente. Da mesma forma, a comparação com o referencial nacional foi também muito positiva.

No ranking internacional (pois a Acreditação JCI é uma acreditação internacional) como nos posicionamos relativamente ao risco e à segurança?

É uma resposta difícil de traduzir em números ou rankings. Contudo, é com orgulho que podemos afirmar que as duas unidades hospitalares cumprem neste momento todos os standarts internacionais preconizados pela Joint Comission International.
Aliás, esta auditoria veio confirmar tudo o que anteriormente referi. Conseguimos ver mudança, conseguimos ver incremento na qualidade e aumento na segurança do paciente. O momento de avaliação pela JCI foi o culminar de meses de preparação e transformação e, acima de tudo premiar o Grupo HPA pelas suas boas práticas que de forma clara são definidas pelo cumprimento das “6 Metas Internacionais para a Segurança do Paciente”.
Os próximos anos serão de grande desafio, visto que para além de podermos aliar-nos a campanhas e programas nacionais em prol da qualidade e segurança do paciente, “podemos beber” a influência e a referência de uma entidade reconhecida e com créditos firmados internacionalmente, que pauta de forma rigorosa as práticas em saúde.


Enf.º Paulo Silva
Coordenação Pedagógica da Área da Reanimação 

É um profundo conhecedor da formação em reanimação e é um dos pivôs fundamentais do Núcleo de Formação para esta área de ação. Para a JCI é determinante que todos os profissionais que prestam cuidados de saúde sejam formados em cuidados de reanimação.

Antes de se ter iniciado o processo de acreditação já era desenvolvido um plano formativo na área da reanimação. Com a JCI o que muda nesta área?

Quando foi pensado o Programa de Capacitação em Reanimação para o Grupo HPA, o processo de acreditação já era uma certeza, pelo que o mesmo foi desenhado tendo em conta as exigências da JCI.
Uma vez acreditado, um hospital tem de garantir a existência e a manutenção de políticas que visem cumprir de forma cabal o normativo imposto.
O que mudou foi apenas o aumento do empenho da organização em dinamizar esta área, transversal a todos os colaboradores, de forma a manter a performance dos "reanimadores", contribuindo para a melhoria contínua dos cuidados prestados.
 

Que outras áreas formativas são da exigência da acreditação? 

A área da segurança das instalações e, em particular a segurança contra incêndios, é uma temática muito expressiva no manual de acreditação. 
Infraestruturas seguras são parte integrante da política de Segurança do Paciente, assim como um contributo fundamental para a política de Higiene e Segurança no Trabalho.

Enf.ª Luciana Matos & Enf.ª Catarina Bentes 
Responsáveis da Comissão do Controlo de Infeção

São as “Senhoras” do Controlo da Infeção, igualmente uma das áreas mais exigentes no que respeita às Metas Internacionais de Segurança do Paciente. A Comissão já tinha muito trabalho desenvolvido quer em termos de normas, quer em termos de resultados obtidos. Contudo, com a implementação da Acreditação houve necessidade de alterar o seu paradigma de funcionamento e repensar algumas estratégias de desenvolvimento.

No que respeita à Comissão de Controlo de Infeção, o processo de Acreditação pela JCI revelou-se, simultaneamente, um percurso exigente, trabalhoso mas bastante produtivo. 
A Comissão de Controlo de Infeção, como era chamada antigamente, agora designada por Grupo Coordenador Local para a Prevenção e Controlo de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (GCLPPCIRA) já existia no hospital, se bem que de uma forma tímida. 
Consideramos que dávamos resposta ao que nos era requisitado a nível local e nacional, sendo que, o normativo produzido internamente, até à altura, servia para dar resposta às necessidades que iam surgindo. Ou seja, funcionávamos muito como uma comissão reativa e não tanto preventiva. Mas ao longo dos anos não foi só o nome da comissão que se complicou, mas também percebemos que a resposta que estávamos a dar teria que ser obrigatoriamente mais integrada e proativa. 
Já tínhamos um plano pensado, acerca de como queríamos desenvolver o GCLPPCIRA, mas foi com os padrões da JCI que aprendemos a estruturar o nosso pensamento e começámos a delinear melhor o que é hoje o GCLPPCIRA do Grupo HPA Saúde. A estruturação deste pensamento, que foi feita de forma transversal com a perceção dos padrões da JCI por todos os profissionais, tornou mais fácil a nossa comunicação com os órgãos de gestão e com os colaboradores que teriam que, necessariamente cumprir com o que ficasse normalizado. 
Há algo muito importante que a JCI nos trouxe: a necessidade de todos falarem a mesma linguagem e nos regermos pelo mesmo código. Para nós esta foi uma ferramenta que aproximou as equipas e as colocou a trabalhar em sintonia com o mesmo objetivo.
Fazendo uma análise de todo o normativo construído neste último ano e meio, julgamos que o mais difícil de implementar e que parece ser o mais simples, foram os planos de higienização hospitalar. Pensamos que apesar de termos alterado denominações, detergentes e desinfetantes, a maior dificuldade prendeu-se com o envolvimento de todos os profissionais de saúde na responsabilização da manutenção de um ambiente seguro para pacientes, família e profissionais, não sendo este um papel exclusivo dos auxiliares de ação médica.
Os planos foram construídos para serem dinâmicos e adaptáveis aos serviços e darem resposta às suas dificuldades. Não dizem respeito apenas às infraestruturas, mas também aos equipamentos. Somos o primeiro hospital a realizar desinfeção de alto nível de instrumental semicrítico, como as sondas usadas na ginecologia. 
É um facto que o GCLPPCIRA teve um crescimento e estruturação consideráveis durante este último ano. Para isso, muito contribuíram as pessoas que construíram e reconstruíram o normativo, fizeram e refizeram as formações, “suaram” e discutiram muitas alterações. No entanto, temos que agradecer às pessoas que acreditaram na nossa visão, que nos questionaram e fizeram pensar duas, ou mais vezes, acerca do que estávamos a fazer (ou não), e que nos desafiaram a fazer melhor. Essas pessoas foram e são essenciais para que continuemos a crescer e a fazer sempre melhor.
O sucesso deste processo reflete, sem dúvida, o empenho de todos os profissionais do Grupo HPA Saúde, a quem deixamos o nosso sincero agradecimento e um pedido especial de continuação do excelente trabalho e envolvimento. Da nossa parte, comprometendo-nos a dar continuidade a todo o trabalho desenvolvido.


Sendo esta acreditação fundamentalmente clínica, tivemos curiosidade de saber a interpretação e visão dos diretores clínicos e por isso, lhes colocámos as mesmas questões. 

I) Do ponto de vista clínico que mais-valias realçaria com esta acreditação? e II) Como se motivam as pessoas, nomeadamente a alterar atitudes e práticas, algumas há muito enraizadas?

Dr. Carlos Glória
Direção Clínica do HPA Alvor

I) O Grupo HPA teve na sua génese um projeto de qualidade de cuidados assistenciais na área da saúde. Há muitos anos que estamos certificados pelas normas da Qualidade e Ambiente ISO 9001 e ISO 14001, mas quisemos ir mais além, porque achamos que podemos sempre fazer mais e melhor. Foi com este objetivo que aderimos a um processo de Acreditação Clínica que nos permitisse atingir parâmetros de segurança comparáveis às melhores unidades hospitalares internacionais. A JCI, para além de nos ajudar a consolidar e melhorar toda a estrutura de procedimentos já existente (controlo de infeção, cirurgia segura, prevenção do risco de queda, etc.) permitiu-nos evoluir em processos de monitorização avançada em todas as áreas e grupos profissionais do hospital. O processo clínico e de enfermagem foram auditados e melhorados, com informação mais completa e precisa, e a monitorização de todas as áreas que podem envolver risco para os pacientes (medicamentos, exames diagnósticos, equipamentos médicos, etc.) foi também melhorada de acordo com normas testadas e padronizadas. O resultado é um Grupo Hospitalar com cuidados médicos baseados em padrões elevadíssimos de segurança e qualidade.
II) Os profissionais encararam inicialmente com algum receio um projeto de qualidade com o nível de exigência da JCI. Na fase inicial foi evidente alguma ansiedade perante a imensidade da tarefa organizativa de rever e implementar centenas de requisitos, mas nunca achei que a motivação fosse um problema. A cultura do nosso Grupo Hospitalar esteve sempre centrada na qualidade e na segurança. Os procedimentos continuaram os mesmos, mas baseados agora em padrões de excelência. E quando se desafiam as pessoas a serem excelentes, descobrimos que a adesão é natural. E no final, temos o prémio do orgulho de dizer: trabalho no Grupo HPA Saúde! 

Dr. Paulo Sousa 
Direção Clínica do HPA Gambelas

I) Penso que a Acreditação pela JCI trouxe uma nova perspetiva sobre a forma como se praticam os atos médicos no Grupo HPA. A qualidade do ato médico sai reforçada pela melhoria da segurança do doente e todas interações entre profissionais tem agora uma dinâmica que reduz o erro médico na prática clínica. Podemos dizer que temos um hospital que continua a praticar serviços de excelência com um nível de segurança ao doente acima da média.
II) Começando pelas dificuldades. Penso que a maior é a aceitação pelos profissionais em aderir a este normativo. Os médicos e enfermeiros e restante staff são profissionais com hábitos e mudar estes hábitos são tarefas árduas.
A lentificação que todo o normativo introduz no processo também gera algum desconforto, mas sabemos que depressa e bem não há quem.
Os aspetos mais positivos são a segurança do doente, a transparência do ato médico e a partilha do risco entre todos, inclusive com o doente.
Somos uma organização mais consciente e o facto de sermos avaliados periodicamente e de querermos manter esta acreditação vai obrigar-nos a mantermo-nos fiéis a esta filosofia.