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Dr. Luís Gonçalves

Pediatra e Neonatologista
Diretor do Departamento 
de Pediatria e Neonatologia

 

Dr. Luís Gonçalves

A escola em tempo de pandemia
Esclarecer e acalmar pais e professores

HPA Magazine 15


A última metade do ano letivo de 2019-2020 não poderia ter sido mais agitada, inquietante e diferente. A escola digital e a telescola foram implementadas em tempo relâmpago e, as casas foram precipitadamente transformadas em salas de aula e recreios, fechados e soturnos.
A chegada das férias trouxe algum alívio para as famílias e para os professores, no entanto não os poupou da intranquilidade do novo ano letivo. Uns e outros tentam, contudo, voltar às suas rotinas. Mas acompanhá-los teimam as dúvidas, as incertezas e muitos “ses”.
Tentarei de forma simples e clara responder a algumas das questões que os pais e os educadores nos têm inquirido durante as consultas, ressalvando, no entanto, que ainda não há consensos nacionais para a idade pediátrica, pelo que a decisão é sempre avaliada caso a caso.



 

Recebo um telefonema da escola a dizer que o meu filho tem febre. Que atitude devo tomar?
Se a criança tem febre, significa que está doente, pelo que não deve permanecer na escola. Assim, os pais terão de ir buscá-la, dar-lhe paracetamol e mantê-la sob vigilância no domicílio.
Relativamente à vigilância importa salientar que devem medir e registar a temperatura e vigiar outros sintomas associados, chamados sinais de alarme: tais como dificuldade respiratória, gemido, machas na pele, sonolência excessiva, irritabilidade, choro inconsolável, vómitos e recusa alimentar. Se a febre for alta (superior a 40º e difícil de ceder) e se for associada a um destes sinais de alarme a criança deverá ser observada por um médico/pediatra.

Que sintomas devo ter em conta para ponderar levar, ou não, a criança para a escola?
Sempre que a criança estiver doente não deve ir à escola, até um esclarecimento da gravidade ou etiologia da situação, tal como referi atrás. Ou seja, na escola apenas devem estar crianças saudáveis. Esta atitude deve sempre ser respeitada. Agora, em tempos de pandemia, mas igualmente noutras alturas não pandémicas.

Sempre que existir febre, a criança deve ser testada à COVID-19?
A febre é um sinal comum a várias doenças e não exclusivamente da COVID-19, pelo que será sensato aguardar a evolução clínica. Se, em três dias, desaparecer a febre e não houver fonte de contágio conhecida ou cadeia de transmissão evidente, a criança pode regressar à escola. O médico deve ponderar fazer o teste em casos particulares: se os pais também estiverem doentes, com sintomas respiratórios, se a criança esteve em contacto com alguém que se suspeita que possa estar com COVID-19, ou se a febre e os sintomas, ao fim dos três dias, permanecerem, sem sinais de que seja outra doença qualquer, como uma otite, por exemplo.

Até receber o resultado do teste como deve a família comportar-se?
Toda a família deve efetivamente ficar em casa e evitar o contacto social, chamado isolamento voluntário, até ser conhecido o resultado do teste. 

Se for negativo, voltará à escola. E se for positivo? Isola-se dos irmãos?
Isola-se dos irmãos e toda a família fica de isolamento profilático.

Se o meu filho testar positivo, toda a família deve ser testada? E que cuidados devem ter os pais para cuidar de uma criança com COVID-19, mesmo que assintomática?
Toda a família é testada, porque são contactos próximos. Em relação aos cuidados, devem ser usadas medidas de isolamento domiciliário. Nomeadamente, a criança deve ficar num quarto sozinha (se tiver idade para tal, obviamente) e se sair do quarto deve usar máscara e cumprir o distanciamento. Se possível deverá ter um WC exclusivo, a limpeza do quarto deve ser efetuada com produtos adequados, o lixo separado, talheres, pratos e roupa de cama lavados a altas temperaturas, ensinar a lavagem frequente e correta das mãos e a etiqueta respiratória, o quarto deve estar preferencialmente com a porta fechada, arejado frequentemente e sem ar condicionado. Tentar que seja apenas uma pessoa da família a prestar os cuidados à criança.
A criança deve evitar contactos com pessoas vulneráveis (idosos, doentes crónicos, grávidas e imunodeprimidos).

As escolas pedem uma declaração médica para que a criança possa retornar à escola, depois de um episódio de febre. Mas nenhum médico passa uma declaração a dizer que o meu filho não tem COVID-19 sem fazer o teste. Isso implica ficar 14 dias em casa...
Se a criança estiver bem e assintomática pode voltar à escola, como sempre aconteceu, com o respetivo atestado a comprovar a ausência de doença infetocontagiosa. O médico só não poderá confirmar se a criança teve, ou não, COVID-19, sem a ter previamente testado para SARScov2.
Para ajudar os pais/educadores nesta questão dos atestados e declarações para a escola e/ou trabalho, apresento de seguida em resumo o que fazer:


 

Como se distingue uma gripe normal ou uma bronquiolite, da COVID-19?
Como os sintomas são semelhantes - febre, tosse, fadiga, dores no corpo e, eventualmente, falta de ar ou falta de cheiro ou paladar - pode ser muito difícil distinguir, clinicamente, essas doenças. Exceto se houver uma fonte de contágio conhecida ou um teste a confirmar o agente infecioso (um vírus, coronavírus ou outro).

Os miúdos sempre adoeceram, sempre tiveram gripe e vão continuar a ter durante todos os invernos. Isso quer dizer que podem ser testados mais do que uma vez?
Como já referi, e por uma questão de bom senso, para evitar testar as crianças inúmeras vezes, poderão os pais permanecer com a criança em casa, vigiando o seu estado clínico e, apenas fazer o teste se houver fonte de contágio conhecida/surto (link epidemiológico) ou, outros familiares com os mesmos sintomas respiratórios, ou se a febre e os sintomas não recuperarem no período de 3 dias.

Com todas as atuais incertezas, vai existir uma maior abstinência à escola este ano? E por sua vez também ao trabalho, por parte dos pais?
Como existe ainda muita indefinição por parte das autoridades de saúde e muitos pais estão inseguros perante esta nova pandemia e na ausência de recomendações nacionais dirigidas à idade pediátrica, é provável que assim que comece a época gripal o número de abstinência à escola e ao trabalho aumente.

Que repercussão poderá ter na vida das nossas crianças, este regresso “anormal” às aulas?
A ida para a escola será sempre benéfica, uma vez que é extremamente importante as crianças brincarem, partilharem o recreio, estarem com os amigos. No entanto, o distanciamento social e o uso de máscara na escola, dificultará a normal convivência entre elas e os professores. Mas penso que passará a fazer parte da rotina de todas as crianças e, portanto, bem aceite. Mais vale usarem máscara e estarem com os amigos e professores na escola, do que estarem em casa com aulas à distância e fechados num quarto, com todos os problemas psicológicos, sociais e emocionais que este “isolamento prolongado” no domicílio poderá vir a causar.

Devemos continuar a ter todos os cuidados e a incutir nas crianças o descalçar os sapatos, lavar mãos assim que chegamos a casa, uso de máscara (para os maiores de 10)?
À luz dos conhecimentos científicos atuais. o contágio por superfícies parece ser menos provável, por isso o “retirar dos sapatos” à porta de casa e desinfetar/lavar as embalagens das compras, poderá ser descartado. Por seu lado, o contágio por contacto direto com gotículas mantém-se elevado, razão para que todas as outras medidas sejam sem dúvida para manter: a etiqueta respiratória, o distanciamento social, o uso máscara e a lavagem/desinfeção correta das mãos.