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Dra. Inês Serras

Pediatra

 

Dra. Inês Serras

Farmácia em viagem com crianças

HPA Magazine 18


Viajar é cada vez mais frequente, seja em trabalho, seja em férias, nomeadamente com crianças. As viagens são momentos únicos e que estreitam as relações entre os participantes, no entanto, por vezes, os acidentes/imprevistos acontecem e ninguém quer ser apanhado desprevenido. Assim, o que levar como medicação para a viagem surge, habitualmente, na hora de fazer a mala, para quem viaja com crianças. É importante refletir e prevenir para depois aproveitar em pleno a sua viagem.
As necessidades de cada família irão depender das idades das crianças, do destino e, eventualmente, da duração da viagem.


Farmácia em viagem com crianças


 

Nem sempre estará disponível uma farmácia ou será possível a compra de medicamentos sem prescrição médica, pelo que deverá acautelar as situações mais frequentes.
Logo que escolher o destino, informe-se sobre a eventual necessidade de vacinação obrigatória e/ou recomendada específica. Algumas vacinas necessitam de um período mínimo ou uma dose de reforço, a partir da qual a vacina passa a ser considerada eficaz. Poderá fazer sentido o agendamento atempado de uma consulta do viajante, recomendada 1-2 meses antes da partida.
Quando nos deslocamos em viagem para fora do país, devemos ter em conta que a alimentação, o clima e os costumes poderão ser diferentes dos nossos, o que poderá acarretar alguns riscos acrescidos para a saúde. Por forma a acautelar eventuais imprevistos, devemos saber quais as doenças que poderão surgir e os recursos de saúde existentes na região (não se esqueça de verificar os hospitais e farmácias existentes no destino).
De um modo geral, na mala de farmácia de viagem poderão constar:
• Monodoses de soro fisiológico, termómetro, ligadura, monodoses de desinfetante (ex.: Betadine®), pensos rápidos, compressas esterilizadas, tesoura, pinça, etc.
• Cicatrizante creme ou para eventuais assaduras da fralda
• Toalhitas húmidas e lenços de papel
• Antipiréticos/anti-inflamatórios: paracetamol e ibuprofeno com referência às doses de acordo com o peso da criança (muito úteis em situações de febre ou dor aguda, dor de ouvidos, dor de garganta, etc.)
• Anti-histamínicos orais ou pomada, no caso de alergia
• Probiótico e solução de reidratação oral, para casos de diarreia e vómitos
• Medicação habitual, no caso de doença pré-existente ou outros medicamentos que possam ser úteis, de acordo com o historial da criança
• Repelente com adequada proteção contra insetos que transmitam malária, dengue e febre amarela em países endémicos. O repelente deverá conter DEET ou IR3535 (princípios ativos)
• Protetor solar e hidratante pós-exposição solar
• Descongestionante nasal, para a congestão nasal
• Laxante/clisteres para questões de obstipação
• Poderá ainda fazer sentido levar algum antibiótico. Medicamentos que carecem de receita médica podem representar um verdadeiro problema no exterior.
Antes da viagem deverá procurar o pediatra, no sentido de personalizar esta lista, de acordo com as possíveis necessidades do seu filho.

Tome especial atenção para o acondicionamento dos medicamentos.
No caso de viagem de avião, lembre-se que existem regras específicas para o transporte de medicação na bagagem de mão, de modo a poder aceder aos fármacos durante a viagem, ou em caso de perda/atraso da bagagem de porão (poderá consultar as especificações de cada companhia aérea no respetivo portal e no site da Agência Nacional de Aviação Civil).
Idealmente, deverá ter uma cópia da receita médica, onde conste o nome da substância ativa e a dose dos medicamentos habituais, para controlo na segurança do aeroporto.
De um modo geral, os medicamentos sólidos, como comprimidos ou cápsulas, não têm restrições. O mesmo não se verifica no caso de xaropes, transportados na bagagem de mão. Estes deverão ser transportados em embalagens seladas, com volume máximo de 100ml (num máximo de 1 litro por passageiro), dentro de um saco de plástico, semelhante aos artigos de higiene.
Se vai viajar dentro da Europa, considere fazer o Cartão Europeu de Seguro de Doença (https://www.seg-social.pt/pedido-cartao-europeu-seguro-doenca), que lhe permite aceder aos cuidados de saúde de serviços públicos do país onde se encontra. Se viajar para fora da Europa, é aconselhável fazer um seguro de viagem.
Ainda uma referência para o transporte das crianças em viaturas alugadas no destino, que deverá incluir um sistema de retenção adequado à idade/estatura do seu filho.
Uma chamada de atenção para o consumo de água não engarrafada em alguns destinos, nem sempre de qualidade para consumo, pelo que deve ter especial atenção à lavagem dos alimentos, chuchas ou biberons.
Por fim leve pequenos snacks familiares que poderão ser úteis para atrasos nas refeições ou para hora da descolagem/aterragem como prevenção da dor de ouvidos.