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Dr. Luís Almeida Dores

Otorrinolaringologista

 

Dr. Luís Almeida Dores

Dra. Vânia Henriques

Otorrinolaringologista

 

Dra. Vânia Henriques

Otoplastia:
Correção estética das orelhas

HPA Magazine 22 // 2024

 

As orelhas proeminentes, também conhecidas por orelhas em abano são o defeito congénito mais frequente da área da cabeça e pescoço. Cerca de 5% da população apresenta alterações de uma ou das duas orelhas. 

 


Otoplastia:  Correção estética das orelhas


 

A transmissão genética é autossómica dominante, passando assim de pais para filhos. Estas alterações podem conduzir a uma baixa autoestima, isolamento social e baixo rendimento escolar principalmente em crianças e adolescentes. A audição é habitualmente normal1. A otoplastia é o procedimento cirúrgico que permite corrigir deformidades do pavilhão auricular (orelha).
Os pavilhões auriculares localizam-se lateralmente na face, longe do triângulo facial desenhado pelos dois olhos e pelo nariz, assim umas orelhas naturais devem ter contornos suaves e não ser demasiado projetadas anteriormente. Idealmente são aquelas orelhas que não são notadas por outras pessoas, ou seja, que não chamam a atenção. Nos casos da orelha alada o pavilhão toma uma posição muito afastada do crânio, realçando a presença das orelhas que se destacam na face, criando desarmonia e desagrado estético. 

A primeira descrição de correção do pavilhão auricular remonta há dois séculos atrás, a primeira otoplastia documentada ocorreu no século XIX, realizada pelo cirurgião alemão Dieffenbach2, que desenvolveu uma técnica para corrigir orelhas proeminentes através da remoção de pele e suturas entre cartilagem da concha e periósteo da mastóide2. A otoplastia, tal como a rinoplastia e outros procedimentos cirúrgicos da face, sofreram grandes alterações estéticas na última década. As novas técnicas assentam no conceito da máxima preservação das estruturas, cirurgias minimamente invasivas e resultados estéticos naturais, equilibrados e harmoniosos, sem estigmas cirúrgicos.

Exame físico e avaliação
O primeiro passo é determinar qual a causa da orelha proeminente; pode ser uma hipoplasia (subdesenvolvimento) ou ausência da anti hélice, uma hiperplasia (sobre desenvolvimento) da concha ou então uma combinação de ambas. É fundamental a avaliação cuidadosa e pormenorizada das caraterísticas de cada orelha tendo em consideração a espessura cutânea, a flexibilidade da cartilagem, a projeção do lóbulo entre outras características. Finalmente é realizada uma documentação fotográfica para auxiliar no planeamento cirúrgico e para comparação com o resultado pós-operatório. (Ver imagem 1 anatomia de superfície da orelha).

Idade ideal e tempo de recuperação
A otoplastia pode ser realizada em qualquer idade, quer em criança ou em adulto. O crescimento das orelhas está praticamente completo (>90%) entre os 5 e 6 anos. Nesta fase a cartilagem é estável, porém ainda bastante flexível e a criança já consegue colaborar com os cuidados pós-operatórios. O tempo de recuperação da otoplastia varia de uma a três semanas. Em adultos a anestesia local é uma opção sendo que nas crianças se opta por anestesia geral por ser mais confortável e segura. Recomendamos a realização de otoplastia nas crianças em idade pré-escolar, entre os 5 e os 6 anos de idade. Algumas vantagens para esta idade são: as cartilagens da orelha são mais maleáveis, as crianças dão menos relevo às questões estéticas, ao realizar antes da escola primária evita o transtorno de interromper as atividades letivas.

Cirurgia 
O objetivo da cirurgia é conseguir uma configuração e posição do pavilhão auricular o mais simétrica e natural possível. Deste modo, o médico vai procurar obter um ângulo céfalo-auricular entre 25 a 35º. McDowell3 descreveu as distâncias normais entre o crânio e a hélice da seguinte forma: terço superior 10-12 mm; terço médio 16-18mm e entre o lóbulo e a mastoide 20-22mm. Cada caso necessita de um diagnóstico minucioso e uma correção personalizada ao defeito4.  Assim, se a alteração é uma protusão do terço superior devido a uma ausência da anti hélice deveremos realizar suturas de modo a reconfigurar a anti hélice. Se o terço médio for demasiado proeminente é levada a cabo uma excisão da cartilagem em excesso5. Por último, se o lóbulo se projetar anteriormente pode ser necessário remover pele em excesso ou remover cartilagem da cauda da hélice. A abordagem é sempre retro auricular com a incisão na pele a ficar “escondida” atrás da orelha. Após o procedimento é colocada uma ligadura que mantém as orelhas na posição pretendida. Esta primeira ligadura é mantida durante uma semana sendo depois removida na primeira consulta de reavaliação pós-operatória. (Ver imagem 2 contorno ideal da orelha).

A otoplastia é uma cirurgia de detalhe e precisão, com recuperação rápida, praticamente sem dor no período pós-operatório e com baixa taxa de complicações. O resultado cirúrgico é logo visível passado uma semana, sendo depois necessárias algumas semanas para reduzir algum edema e hematoma que podem persistir após a retirada da ligadura. É um procedimento cirúrgico eficaz e geralmente associado a um elevado grau de satisfação.  Se tiver mais curiosidade sobre o procedimento não hesite em contactar-nos.

Anatomia de superfície do ouvido externo.

 

 

Relações e ângulos ideais do ouvido externo com o couro cabeludo