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Notícias

Novembro é o mês da Diabetes

Novembro é o mês da Diabetes e nós vamos dar-lhe muitas informações acerca desta doença multissistémica, cujos números relativamente à prevalência continuam em crescendo, resultando inevitavelmente no aparecimento de complicações macro e microvasculares, que poderão ter consequências devastadoras, com importante impacto na vida do doente diabético.

Terminamos hoje a missão que nos propusemos para o novembro da Diabetes. Alertá-lo para as múltiplas doenças e deficiências que esta condição pode trazer, no sentido que a conhecendo melhor, a consiga melhor tratar, gerir e preferencialmente prevenir.Depois do coração e dos rins é a vez dos olhos. Ou seja, é a vez do Oftalmologista Argílio Caldeirinha nos falar da Retinopatia Diabética.

Dr. Argilio Caldeirinha                            

 

A retinopatia diabética consiste na alteração da citoarquitetura e, consequente função das estruturas retinianas. Ocorre em resposta ao dano microvascular e subsequente inflamação. Aproximadamente 25% dos diabéticos, apresentam alguma forma de Retinopatia Diabética e destes 2-10% apresentam Edema Macular Diabético, sendo este último responsável pelo maior número de casos de baixa visão nestes doentes.
A prevenção da retinopatia diabética é lograda mediante o adequado controlo metabólico da doença por parte da equipa multidisciplinar, geralmente coordenada pelo médico especialista em Medicina Interna. Apesar dos melhores cuidados, em alguns casos mais severos, a prevenção não evitará o surgimento desta complicação (como por exemplo em pacientes com Diabetes tipo I).
Todos os pacientes com este tipo de Diabetes devem ser alvo de programas anuais de rastreio de retinopatia diabética e, a maioria dos pacientes com Diabetes Tipo II, após 5 anos de diagnóstico, passando também a vigilância anual a partir de então.
Com os métodos atuais de rastreio, o diagnóstico da doença geralmente será realizado em fases iniciais, sendo possível com planos de tratamento individualizado evitar as complicações oftalmológicas mais sérias.

 

Domingo é dia descanso e lazer para a maioria dos portugueses, mas no HPA nunca damos tréguas à literacia em saúde. Por isso voltamos, neste novembro da Diabetes, a elucidá-lo porque esta condição é tão temida pelos pequenos, mas valiosos rins. É o momento do nefrologista Alexandre Baptista nos falar acerca da Nefropatia Diabética e do atentamente ler o seu conselho: Atuar Antes da Falência.
Dr. Alexandre Baptista                            

 

Os rins são os principais responsáveis pela manutenção do equilíbrio interno do nosso corpo. Aliás, eles são responsáveis pela eliminação das toxinas, fazem parte integrante da regulação do sangue e do osso, ajudam no controlo da tensão arterial e regulam o equilíbrio químico, além de manterem o controlo da quantidade de líquidos que existem no nosso organismo.
Quando os rins falham as toxinas acumulam-se no sangue e desenvolve-se a "Uremia". A essa condição de “falência” ou “insuficiência” chama-se Doença Renal Crónica, a qual se carateriza pela perda progressiva e irreversível da função dos rins. A diabetes, a obesidade e a hipertensão arterial são as principais causas para o desenvolvimento da Doença Renal Crónica e da necessidade de diálise.
A fase inicial da Doença Renal Crónica é geralmente sem sintomas, o que faz com que grande parte da população desvalorize, ignore ou adie os cuidados a ter com a saúde dos seus rins. Esta ausência inicial de sintomas resulta do facto dos rins precisarem de estar muito danificados para que os sintomas resultantes da acumulação das toxinas surjam.
Dessa forma, só na fase avançada da doença podemos encontrar como sintomas um urinar frequente (principalmente à noite), dor ou ardor ao urinar, urina rosada (com sangue) ou com espuma, inchaço dos olhos, mãos e pés ou uma tensão arterial que deixou de estar controlada. Podemos também encontrar nestes doentes já com rins muito danificados queixas, como dificuldade em dormir, cansaço fácil, fraqueza generalizada, náuseas, vómitos ou falta de apetite. Geralmente quando estas últimas queixas surgem, é significado de falência quase total dos rins. Quando os rins já não funcionam corretamente, pode ser necessário fazer diálise. Na maioria das vezes, o tratamento deve ser feito para o resto da vida se não houver possibilidade de receber um transplante renal.
Infelizmente a única forma de se diagnosticar a Doença Renal Crónica é através de análises ao sangue e à urina, pelo que é recomendado a vigilância frequente da saúde renal.
Já o tratamento depende da fase em que os rins estejam. A principal preocupação do Nefrologista (médico das doenças dos rins) é controlar as principais doenças que podem danificar os rins, de modo a que se possa atrasar a progressão da doença. E esta preocupação estará presente ao longo de todo o acompanhamento. Numa fase mais avançada, um doente poderá inclusive receber uma injeção para controlo da anemia que, com o tempo, se desenvolve.
No fim, quer o doente quer o Nefrologista têm as mesmas expectativas. Atrasar a progressão da Doença Renal Crónica atendendo a que esta é irreversível quando alcançada uma fase moderada/avançada da mesma.

 

 

Fiéis ao prometido, mantemo-nos fortes na luta contra a Diabetes, hoje que é o seu Dia Mundial. Assim, guardámos-lhe o texto do nosso cardiologista Gonçalo Cardoso e a silenciosa, mas terrível Doença Cardiovascular na Diabetes.

Dr. Gonçalo Cardoso                             

 

 

Todos os anos morrem centenas de milhares de pessoas por complicações da Diabetes. A maioria destas mortes é causada pela Doença Cardiovascular (por exemplo Enfarte Agudo do Miocárdio, Acidentes Vasculares Cerebrais, Insuficiência Cardíaca, etc.).
Cerca de 60% dos doentes diabéticos desenvolvem Doença Cardiovascular, sendo esta frequentemente assintomática. Até 60% dos enfartes nestes doentes são “silenciosos” e muitas vezes só são detetados em eletrocardiograma de rotina.
Em consulta de cardiologia, deve ser avaliado o risco de doença cardiovascular do doente. Com base nesse cálculo, o doente é classificado como baixo, moderado, alto e muito alto risco. A intensificação da terapêutica depende do risco do doente. Doentes com maior risco têm objetivos terapêuticos mais exigentes. Os doentes com Diabetes e mais um fator de risco cardiovascular são classificados como muito alto risco, sendo os outros doentes com Diabetes classificados como risco alto.
A prevenção através do controlo dos fatores de risco é sempre a melhor estratégia.

 

Voltamos hoje à Diabetes, concretamente ao pé diabético, pela voz do cirurgião César Carvalho e com um texto de extrema importância: Atacar o Temível Pé Diabético

Dr. César Carvalho                               

 

 

A Cirurgia Geral inclui-se entre as várias disciplinas/especialidades que contribuem para uma abordagem multidisciplinar no acompanhamento dos pacientes diabéticos, quer se trate da prevenção ou do tratamento de complicações frequentemente associados a esta patologia.
A infeção do pé diabético, uma das complicações mais temidas, é também uma das mais desafiantes no que diz respeito à sua resolução, requerendo muitas vezes uma intervenção cirúrgica rápida e adequada, de modo a remover os tecidos infetados ou desvitalizados, aumentando desse modo as taxas de sucesso e reduzindo o tempo de tratamento.
Neste contexto, uma abordagem multidisciplinar é de extrema importância, visando não só uma referenciação precoce, mas em especial uma planificação síncrona e estruturada para otimizar a recuperação do doente, evitando em muitos casos a amputação de dedos (e por vezes de áreas mais extensas), de modo a controlar a infeção local e evitar infeções generalizadas potencialmente fatais.
No entanto, é de suma importância ressalvar que um rigoroso controlo da glicemia se afigura como o elemento mais importante, quer no tratamento quer na prevenção destas complicações. O acompanhamento em consulta de diabetologia constitui também um componente fundamental no que diz respeito à planificação de cirurgias programadas de modo a otimizar a cicatrização e evitar infeções da ferida operatória.

 

Começamos com o Dr. Ricardo Louro, internista e responsável pela Consulta de Diabetes no HPA – Alvor com um tema de partícula importância: Porque deve a Diabetes de ser tratada de forma multidisciplinar?

Dr. Ricardo Louro                               

 

 

A Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM) é uma doença com uma crescente prevalência (9.9% de acordo com o relatório da OCDE), sendo que existe um número muito importante de doentes ainda não diagnosticados.
As normas de orientação para o diagnóstico e tratamento da doença diabética têm sido atualizadas regularmente com algumas mudanças importantes nos últimos anos mas mantendo como principais objetivos do tratamento da DM tipo 2 a prevenção, o atraso das complicações e a promoção da qualidade de vida.
A DM tem sido encarada, desde há já algum tempo, como uma doença multidisciplinar pela sua complexa fisiopatologia e pelas múltiplas complicações que requerem a intervenção de várias áreas especializadas. Com o objetivo de se tratar doentes e não doenças, procura-se promover o tratamento individualizado, com agregação dos vários profissionais necessários para o acompanhamento da sua patologia e das respetivas complicações.
O doente diabético é seguido regularmente na Consulta de Diabetes com o apoio do Hospital de Dia de Diabetes e da sua equipa de Enfermagem. Associado a este controlo regular, existe ainda a Nutrição e a Fisioterapia como disciplinas basilares na implementação de estilos de vida saudáveis, que são a base do controlo metabólico do doente. Este controlo metabólico visa a prevenção das complicações associadas à DM. Contudo, quando estas ocorrem, é necessário, atempadamente, promover o acompanhamento especializado para evitar o agravamento e/ou tratamento das mesmas.

 Consulta de Diabetes                               

 

27 de Novembro de 2021