A aterosclerose é uma doença que afeta as artérias e é caracterizada pela formação de placas de gordura, chamadas ateromas, nas paredes destes vasos. Essas placas acumulam-se principalmente nas áreas de maior “turbulência” do fluxo sanguíneo, como nas bifurcações arteriais, e provocam um estreitamento progressivo das artérias, dificultando o fluxo sanguíneo. Esse processo começa de forma silenciosa desde idades jovens e pode ter uma evolução lenta, por isso é importante adotar medidas preventivas desde cedo. A aterosclerose é responsável por diversas doenças graves como a hipertensão arterial, a doença coronária, o aneurisma da aorta e a doença arterial dos membros inferiores, sendo uma das principais causas de morte em Portugal.
Em muitos casos a aterosclerose não apresenta sintomas até que o fornecimento de sangue a um órgão seja reduzido. Quando isso acontece os sinais variam conforme o órgão afetado. No caso da doença cerebrovascular, podem ocorrer acidentes isquémicos transitórios, com sintomas que desaparecem em menos de 24 horas, ou acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Quando afeta o coração, a aterosclerose pode causar angina de peito, enfarte do miocárdio ou síndrome coronária aguda. Já na doença arterial periférica, que afeta as pernas, a pessoa pode sentir dor ao caminhar, conhecida como claudicação intermitente ou até dor em repouso e a pele dos pés pode ficar fria, pálida ou azulada. Em casos mais avançados, pode ocorrer disfunção eréctil, insuficiência renal crónica e aneurismas. A aterosclerose também pode afetar a circulação abdominal, causando dor abdominal após as refeições, frequentemente associada a distensão abdominal, vómitos ou diarreia, quando há obstrução das artérias intestinais.
Os principais fatores de risco para a aterosclerose incluem níveis elevados de colesterol no sangue, especialmente o LDL, ou "colesterol mau", hipertensão arterial, diabetes, histórico familiar de doenças cardiovasculares, tabagismo, obesidade, sedentarismo e idade avançada. O diagnóstico começa com a história clínica e a avaliação dos sinais e sintomas, sendo que o exame físico pode mostrar depósitos de gordura nas pálpebras ou tendões, alterações nos pulsos arteriais ou a presença de sopros carotídeos. Para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da doença, podem ser realizados exames complementares como análises ao sangue, eletrocardiograma, ecocardiograma e ultrassonografia das artérias.
Embora não exista cura para a aterosclerose, o tratamento visa controlar os fatores de risco e prevenir a progressão da doença. As mudanças no estilo de vida, como uma alimentação saudável, a prática regular de exercício físico, o abandono do tabagismo e o controlo da pressão arterial e da diabetes, são essenciais. Além disso, quando já existem complicações, como doença coronária ou insuficiência arterial, é necessária medicamentação para controlar a sua evolução. Em alguns casos, quando a doença já está muito avançada, pode ser necessário realizar cirurgia para desobstruir as artérias ou tratar aneurismas.