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Pedopsiquiatria

Pedopsiquiatria


A Psiquiatria da Infância e Adolescência, vulgarmente conhecida como Pedopsiquiatria, é uma especialidade médica, que tem como objetivo conhecer o processo do desenvolvimento mental das crianças e adolescentes, detetar, tratar e reabilitar os seus desvios, bem como intervir direta ou indiretamente nos meios onde a criança e adolescentes se inserem de modo a que estes possam, de um modo tão harmonioso e saudável quanto possível, tornarem-se adultos mentalmente saudáveis.

Necessita de um treino alargado específico, após a formação básica em Medicina, que passa pela Pediatria, Psiquiatria Geral, enriquecido com conhecimentos vastos e diversificados que vão desde a genética, sociologia, etologia, neurologia, psicologia do desenvolvimento, psicanálise, teorias sistémicas e da comunicação, comportamentais e psicofarmacologia, entre outros.

Uma consulta psiquiátrica é em parte semelhante a qualquer outra consulta médica (história clínica, observação, diagnóstico e orientação terapêutica), mas com algumas particularidades, pois é ao mesmo tempo diagnóstica e terapêutica.

Necessita um espaço que garanta privacidade e conforto, com equipamento mínimo para exame neurológico sumário, material de interação com a criança (papel, lápis, brinquedos, livros), mas é sobretudo o Terapeuta, enquanto pessoa específica, numa relação/compromisso médico-paciente, que é o instrumento fundamental da intervenção diagnóstico-terapêutica.

Necessita de Tempo, o tempo dos pais, o da criança e o do terapeuta e de motivação para que se possa criar uma aliança terapêutica eficaz. Uma primeira consulta raramente demora menos de duas horas, onde é fundamental avaliar as expectativas e motivações, clarificar o problema, desmistificar os preconceitos face aos problemas mentais, perceber qual a ajuda mais necessária. Consoante as situações há várias formas de abordagem, podendo começar por se receber só a família (pais ou seus substitutos), ou só a criança ou adolescente ou incluir outros adultos significativos na vida da criança ou adolescente, ao qual é imprescindível garantir um nível de confidencialidade e confiança.

O pedido de exames complementares é raro, sendo por vezes completada a consulta com pedidos de avaliações psicológicas ou psicopedagógicas, testes projetivos ou de desenvolvimento. Ocasionalmente justifica-se um estudo orgânico mais específico com pedido de Electroencefalograma ou exames de imagem cerebral (TAC ou Ressonância Magnética).

A terapia farmacológica raramente é necessária se bem que tenha indicações precisas (situações psicóticas, alguns problemas de comportamento, défices de atenção e hiperatividade, depressões mais graves, etc.).

É fundamental a compreensão e envolvimento da família, dos pais, com quem se deve discutir a abordagem terapêutica, sendo estes importantes co-terapeutas no processo.

O seguimento pode incluir psicoterapia individual, familiar, cognitivo-comportamental, intervenção escolar, psicomotricidade, individual ou em grupo, ou outra especialidade médica.

Pode haver situações de extrema gravidade que justifiquem o internamento em Unidade específica ou a intervenção de serviços médico-legais ou de proteção das crianças, quando em situação de risco.

​Os resultados da nossa intervenção nem sempre se notam de imediato e são difíceis de avaliar pela co-morbilidade e coexistência de fatores de risco e de proteção em todas as situações. É sempre um trabalho de equipa multidisciplinar envolvendo a participação da família e da escola ou outras instituições e especialidades, de modo a poder interligar e potencializar todos os recursos envolvidos. Mas ao criar novos olhares sobre os problemas as soluções conduzirão ao retomar de um desenvolvimento equilibrado da criança ou do adolescente, modificando muitas vezes padrões transgeracionais de patologia e promovendo estilos de comportamento mais ajustados com a consequente melhoria do bem-estar pessoal, familiar e social.

 

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