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Dr.ª Andreia Castro

Nutricionista

Tendências e perspetivas da suplementação de ómega-3 nos distúrbios da ansiedade e depressão

HPA Magazine 15

 

A prevalência de doenças neurológicas e psiquiátricas, como a ansiedade e a depressão têm vindo a aumentar ao longo dos tempos. Estes distúrbios possuem capacidades redutoras e incapacitantes na qualidade de vida dos doentes. 
Na primeira linha de intervenção está a terapêutica farmacológica. No entanto, os doentes nem sempre demonstram uma boa adesão ao esquema terapêutico. Recentemente, a nutrição e o acompanhamento nutricional bem como a fitoterapia surgiram com uma maior relevância na prevenção e tratamento de transtornos neuropsiquiátricos, sendo um recurso terapêutico com grande potencial na melhoria dos sintomas e na promoção da saúde. 
Sabemos que uma alimentação saudável e equilibrada permite o correto funcionamento do organismo, incluindo o sistema imunológico que constitui uma barreira de defesa, protegendo-o de agentes patogénicos invasores, como os vírus ou bactérias.



 

Sabemos que uma alimentação saudável e equilibrada permite o correto funcionamento do organismo, incluindo o sistema imunológico que constitui uma barreira de defesa, protegendo-o de agentes patogénicos invasores, como os vírus ou bactérias.
Os desequilíbrios no regime alimentar, na atividade física e no apoio das estruturas sociais têm um papel determinante, estando fortemente associados a um incremento dos distúrbios neuropsiquiátricos e a outros classificados como doenças do estilo de vida. 
A evidência científica atual demonstra que a qualidade da dieta e alguns fatores dietéticos com propriedades imunorreguladoras, incluindo os micronutrientes como a vitamina D ou macronutrientes, como os ácidos gordos ómega-3, afetam o estado clínico geral do doente, revelando-se fulcrais e decisivos na resposta benéfica à ansiedade e à depressão. 
A inflamação é uma causa comum a muitas patologias e distúrbios patológicos. São conhecidos os mecanismos de ação dos ácidos gordos ómega-3 no processo inflamatório, pois levam a uma alternância do mecanismo de inflamação para um mecanismo de regulação. Para a resolução da inflamação em direção à homeostase ocorrem mecanismos de regulação ativa, visto que o ómega-3 tem como elementos o ácido eicosapentaenóico (EPA, e o ácido docosahexaenóico (DHA), que são cruciais na função celular neuronal e na neurotransmissão, bem como nas reações inflamatórias e imunológicas características dos estados de doença neuropsiquiátrica. 
Deste modo, é benéfica a ingestão de alimentos ricos em ácidos gordos ómega-3 pelo efeito positivo no controlo da inflamação, uma vez que leva a um decréscimo dos valores de ácidos gordos ómega-6 e dos seus derivados e ao aumento da produção de EPA e DHA e, consequentemente, dos seus mediadores. Não obstante, é essencial que a razão ómega-6/ómega-3 na dieta seja equilibrada.
 

São crescentes os estudos epidemiológicos e de intervenção que reúnem fortes evidências de uma correlação entre o status de ómega-3 e a depressão. Parece existir um risco acrescido de desenvolver uma depressão major, quando ocorre um consumo inadequado de peixe e um baixo índice de ómega-3, sendo que este risco se reduz com um consumo adequado de frutas, vegetais, peixes e grãos integrais.
A nutrição assume assim um papel promissor na prevenção e tratamento de distúrbios neuropsiquiátricos, de tal forma que recentemente foi declarado que 'a nutrição e os nutracêuticos devem agora ser considerados como os elementos principais da prática psiquiátrica (Rocha, Myva, Almeida, 2020). 
Este tema, além de inovador, apresenta um crescimento investigacional exponencial nos últimos anos, com os estudos indicando que a suplementação dietética com ácidos gordos ómega-3 tem um impacto positivo e de caráter preventivo em diferentes patologias inflamatórias (e/ou autoimunes) como a artrite reumatoide, a asma, doenças inflamatórias do intestino, a psoríase e o lúpus.
O nutricionista tem um papel impulsionador nos bons hábitos alimentares e de estilo de vida saudável da comunidade, uma vez que as evidências apontam para uma forte correlação entre uma boa nutrição e a saúde mental. É fundamental a promoção de uma alimentação equilibrada, com incremento de fontes alimentares ricas em ácidos gordos polinsaturados como: a gordura do peixe e o óleo de fígado de peixe (ex.: salmão, arenque, chicharro, congro, sardinha, enguia, óleo de fígado de bacalhau, entre outros), hortícolas de cor escura (ex.: brócolos, espinafres, acelgas), óleos vegetais, frutos oleaginosos (nozes, entre outros), cereais integrais, sementes ou através de suplementos, necessários para a prevenção e como coadjuvantes no tratamento de doenças como a ansiedade e a depressão.