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Enfº Tito Manuel Félix

Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia 
 

Enfº Tito Manuel Félix

O quarto trimestre
Ou o novo paradigma de cuidados no pós-parto

HPA Magazine 16

O Plano de Vigilância da Gravidez é habitualmente dividido em três trimestres e cada trimestre em semanas. A cada um deles correspondem distintos momentos da evolução da gravidez que requerem atenções diferenciadas e cuidados distintos.


O quarto trimestre


 

1º TRIMESTRE   
O primeiro trimestre é o período da surpresa ou da concretização de um projeto de vida que se materializa num simples teste de farmácia ou com a primeira ecografia, mediante a qual se estipula a idade gestacional e se visualiza o saco gestacional e o embrião. 
É o período da confirmação da gravidez, das incertezas acerca da sua normal evolução, do rastreio das cromossomopatias, do teste de DNA Fetal, das eventuais hemorragias, das intercorrências mais habituais como os desconfortos iniciais da gravidez. Têm lugar as primeiras análises e inicia-se formalmente todo o processo de vigilância com o obstetra escolhido.

2º TRIMESTRE
Este é o trimestre pelo qual muitos casais esperam para comunicar à família a notícia da sua gravidez. Carateriza-se por ser o trimestre da tranquilidade pela certeza de que a gravidez é evolutiva. Os planos de futuro tornam-se mais sólidos e promissores. É o trimestre do início da perceção do feto e este torna-se mais real e presente. 
É realizada a ecografia morfológica e o despiste de malformações fetais e o ecocardiograma fetal. As alterações físicas são mais notórias.

3º TRIMESTRE
Neste trimestre é intensificada a vigilância materno-fetal e o foco é colocado não só nestas duas entidades, mas também no parto. É neste período que se preconiza a frequência de sessões de preparação para a parentalidade/parto. A partir das 37 semanas o intervalo entre consultas é diminuído para uma frequência semanal, dão-se inicio aos CTG’s para avaliação do bem-estar fetal, é discutido o plano de parto já previamente elaborado e são explanadas e consideradas todas as expectativas do casal relativamente ao momento do parto, no sentido de fazer valer aquilo que idealizaram para esse momento: local, tipo de parto, ambiente envolvente, práticas como a laqueação do cordão umbilical (quando e por quem), medidas farmacológicas/não farmacológicas de alívio da dor, posição no período expulsivo, contacto pele a pele imediato, entre outras. São reforçados os sinais de alarme nesta fase, é sublinhada a importância da perceção dos movimentos fetais como principal garantia do bem-estar fetal e são também esclarecidos os sinais de parto para ir para a Maternidade. É atingido o termo da gravidez e, excetuando as situações em que o parto tem que ser agendado, este pode a partir de agora acontecer a qualquer momento.
 

É então chegado o momento do 1º encontro tão esperado volvidos 3 trimestres, 40 semanas, 280 dias. 
Todo este conjunto de interrogações aqui descritas, se não forem acompanhadas de respostas e soluções bem diretas, podem resultar num quadro problemático ao nível não só da saúde física, mas sobretudo mental da puérpera, com implicações sérias para o seu relacionamento com o seu círculo familiar restrito (tríade) e sobretudo consigo mesma, ao confrontar-se com o seu novo papel: ser mãe. No limite, este estado de ambivalência emocional e funcional de “blues pós-parto” pode configurar-se num quadro mais grave de depressão pós-parto, com riscos sérios para a segurança da mãe, bebé e família. Neste âmbito não é em vão que uma das principais recomendações emanadas pelo American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) é justamente a otimização da vigilância da saúde e bem-estar da mulher no pós-parto (1).
A importância dos cuidados no puerpério imediato, precoce e tardio são colocados ao mesmo nível de importância da vigilância da gravidez.É particularmente sublinhada a necessidade de elaboração de um plano pós-parto durante as consultas de vigilância de gravidez, a par dos planos de parto e de amamentação já implementados na nossa Maternidade. 
Assim sendo, o planeamento do 4º trimestre é algo que deve ser feito e pensado durante a gravidez e ajustado ainda durante o internamento de puerpério.
Este período é definido no tempo que contempla as 12 semanas após o parto, sendo que se preconizam consultas com a periodicidade necessária em função das necessidades detetadas durante o internamento hospitalar. Em situações lineares (gravidez e puerpério de baixo risco) o recém-nascido deve ser encaminhado para uma consulta na primeira semana de vida e a puérpera até á 6ª semana após o parto.
Para garantir que não haja risco de a puérpera entrar num quadro de puerpério patológico e para que o impacto das complicações no 4º trimestre sejam minimizadas, a ACOG recomenda que na preparação da alta hospitalar a equipa de saúde faça um levantamento das necessidades do casal para que o seu regresso ao domicílio seja tranquilo e sustentado, sendo de particular importância alertar para a necessidade de: repouso, uma alimentação nutritiva e adequada e a existência de uma rede de apoio, que pode ser não só familiar como institucional.