HPA Magazine 24 // 2025
Oftalmologista
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1. O que é a catarata?
A catarata é a perda progressiva de transparência do cristalino, a lente natural do olho. Em vez de deixar passar a luz de forma limpa até à retina, o cristalino torna-se opaco, provocando visão nublada, distorções das cores, aumento da sensibilidade à luz e dificuldade em realizar tarefas diárias como ler, conduzir ou reconhecer rostos.
Algumas pessoas relatam ver halos em torno das luzes ou sentem que as cores ficam desbotadas, especialmente o azul e o amarelo.
De acordo com a Dra. Marilyn Machado, “as cataratas podem ser congénitas, estando presentes desde o nascimento, geralmente devido a infeções maternas durante a gravidez como rubéola, herpes ou citomegalovírus, ou a alterações genéticas e cromossómicas, como na síndrome de Down. Contudo, a maioria das cataratas são adquiridas e surgem com o envelhecimento natural do olho, habitualmente a partir dos 60 anos. Em alguns casos, no entanto, podem desenvolver-se mais cedo devido a fatores de risco associados”.
Entre os fatores de risco adicionais estão a diabetes, o uso prolongado de corticoides, traumas oculares, exposição à radiação, consumo excessivo de álcool e tabaco, bem como doenças como o glaucoma e uveítes. Outras condições metabólicas ou distrofias retinianas também podem contribuir para o desenvolvimento da catarata.
Muitas vezes, a progressão é tão lenta que o doente adapta-se à perda visual sem se aperceber. Contudo, sinais como alterações frequentes na graduação dos óculos, dificuldade em ambientes muito iluminados ou perceção de visão "enevoada" são indícios importantes. Importa sublinhar que não existem colírios ou medicamentos capazes de reverter ou retardar a catarata.
Como enfatiza a Dra. Marilyn, “o tratamento é exclusivamente cirúrgico” e felizmente trata-se de uma intervenção segura, minimamente invasiva, realizada em regime de ambulatório. Com o recurso à mais recente tecnologia, o procedimento permite uma recuperação rápida, sendo que, na maioria dos casos, o paciente pode regressar a casa no mesmo dia e retomar as suas atividades habituais em poucos dias.
2. Quais os tipos de lentes intraoculares que estão disponíveis?
Durante a cirurgia, o cristalino é removido e substituído por uma lente intraocular (LIO). A escolha da lente influencia diretamente o resultado visual e deve ser adaptada às necessidades visuais e ao estilo de vida de cada pessoa. Esta decisão requer uma avaliação cuidadosa, considerando a anatomia ocular, a rotina diária e as expectativas do paciente.
O Dr. Pedro Baptista refere que o grande avanço na cirurgia de catarata se deve à diversidade e sofisticação das lentes hoje disponíveis: "as lentes modernas permitem a correção de diferentes erros de refração e adaptam a visão ao perfil de cada paciente". Desde a introdução da primeira lente intraocular por Sir Harold Ridley em 1949, a oftalmologia evoluiu notavelmente, integrando os avanços da física ótica e da tecnologia de imagem.
As lentes monofocais são as mais simples, corrigindo a visão a uma única distância — geralmente para visão de longe — e exigindo óculos para tarefas ao perto. Em casos de astigmatismo significativo, são utilizadas lentes tóricas, com geometrias específicas que compensam a curvatura assimétrica da córnea, otimizando a qualidade visual.
As lentes multifocais, por sua vez, oferecem visão ao longe, ao perto e intermédia, proporcionando uma maior independência em relação aos óculos. No entanto, podem causar efeitos secundários como halos, disfotopsias e uma ligeira redução da sensibilidade ao contraste, especialmente em condições de baixa luminosidade.
A última geração inclui lentes com profundidade de focagem alargada (EDOF), que criam um único ponto focal mais amplo em vez de vários pontos separados, oferecendo uma visão mais suave e natural, com menos efeitos indesejáveis. Estas lentes atendem melhor às exigências visuais modernas, como o uso frequente de computadores, tablets e smartphones. A seleção da lente ideal requer uma avaliação detalhada não só da anatomia ocular, mas também das preferências pessoais, atividades diárias e objetivos visuais. Com a tecnologia de imagem de alta definição e algoritmos de inteligência artificial, conseguimos atualmente uma precisão notável no planeamento da LIO, fornecendo soluções personalizadas que otimizam a qualidade de vida.
3. Clear Lens Exchange (CLE): solução para quem não tem catarata
A cirurgia de substituição do cristalino não é exclusiva da catarata. A técnica conhecida por Clear Lens Exchange (CLE) aplica-se a pessoas com cristalino ainda transparente, mas que sofrem de presbiopia ou erros refrativos como miopia, hipermetropia e astigmatismo, e que procuram uma solução definitiva para a sua visão.
Esta abordagem torna-se particularmente interessante a partir dos 40-45 anos, quando a presbiopia se manifesta naturalmente.
Como explica o Dr. Pedro Gonçalves, “a CLE substitui o cristalino por uma lente intraocular personalizada, oferecendo uma visão nítida ao longe, ao perto e a uma distância intermédia”. Esta cirurgia é particularmente indicada para quem deseja libertar-se dos óculos ou já não tolera o uso prolongado de lentes de contacto, especialmente em casos de olhos secos ou desconforto ocular associado ao tempo prolongado em frente a ecrãs.
Além da liberdade visual, a CLE pode trazer benefícios clínicos adicionais. Em doentes com pressão intraocular elevada ou risco de glaucoma de ângulo fechado, a substituição do cristalino pode ajudar a reduzir a pressão, criando mais espaço no interior do olho e contribuindo para um melhor controlo da pressão ocular. A CLE é uma cirurgia indolor, rápida e minimamente invasiva, realizada com incisões de apenas 2,4 mm e utilizando a moderna técnica de facoemulsificação. Esta metodologia reduz o risco de complicações e proporciona uma recuperação confortável e segura.
A alta hospitalar ocorre no próprio dia, permitindo um rápido regresso às atividades habituais. Para muitos, a CLE representa não só uma melhoria visual significativa, mas também uma poupança económica a longo prazo, evitando despesas recorrentes com óculos progressivos e armações.
É, no entanto, fundamental realizar uma avaliação oftalmológica completa e personalizada para confirmar se a CLE é a opção mais adequada em cada caso. A decisão é individualizada, baseada em critérios clínicos rigorosos e nas expectativas de vida e visão de cada paciente, garantindo assim os melhores resultados.
4. Como é a experiência cirúrgica no Instituto HPA?
O Instituto HPA oferece uma abordagem integrada, onde cada etapa do processo — do diagnóstico ao pós-operatório — é cuidadosamente planeada para garantir segurança, conforto e resultados visuais de excelência. O Dr. Miguel Vieira explica que “o nosso objetivo é oferecer aos doentes uma cirurgia personalizada, com os melhores padrões de qualidade e segurança”. Cada paciente é acompanhado desde o primeiro momento com atenção ao detalhe, para assegurar uma experiência tranquila e confiante.
Na consulta inicial, é feita uma história clínica detalhada, com atenção especial às medicações em uso, doenças pré-existentes, intervenções oculares anteriores e historial refrativo. Sempre que possível, os exames pré-operatórios são realizados no mesmo dia da consulta, o que implica que a visita possa demorar algum tempo adicional. Estes exames avaliam a saúde do olho, a integridade da córnea e da retina, e determinam a lente intraocular mais adequada, incluindo a necessidade de correção de astigmatismo.