Enfermeira no Serviço de Consultas Externas
HPA Magazine 24 // 2025
Em determinados tecidos – como ligamentos ou tendões – a reparação tecidual é retardada, uma vez que se verifica uma reduzida vascularização e, consequente minoração da renovação celular.
Inúmeros estudos têm então sido desenvolvidos em resposta à crescente necessidade de tratamentos que não só promovam a reparação tecidual, mas que também sejam agentes facilitadores no processo natural de cicatrização do nosso organismo. Tratamentos esses que possam ser utilizados como complemento ou alternativa aos métodos convencionais, estimulando os inatos mecanismos moleculares envolvidos na regeneração dos tecidos.
Como resultado desses estudos, surgiu o Plasma Rico em Plaquetas (PRP). O PRP é um fluído autólogo – ou seja, um produto que deriva do próprio indivíduo – e, que após centrifugação, possui na sua constituição elevadas concentrações de plaquetas.
As plaquetas são componentes anucleados do sangue, com aproximadamente 3μm de diâmetro com um importantíssimo desempenho na hemostasia. Durante o processo de reparo de feridas, as plaquetas são ativadas e mudam de forma, e acabam por libertar citoquinas e FC – mais especificamente: o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), o fator de crescimento transformador beta (TGF- ), o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), o fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), o fator de crescimento de fibroblastos (FGF) e o fator de crescimento epidérmico (EGF). Estes mesmos FC mediarão a proliferação, a migração celular, a diferenciação, o ciclo celular e a angiogenese.
O PRP é o hemoderivado que tem revolucionado a medicina regenerativa. A sua aplicabilidade é ampla, abrangendo especialidades como ortopedia, cirurgia plástica, dermatologia, oftalmologia, cirurgia vascular, ginecologia, etc. Por tal, diversos métodos surgiram – desde a aplicação tópica a injetável –, assegurando resultados promissores e qualidade de vida ao indivíduo.
Contudo, não existe ainda um padrão unificado e completo relativo à colheita e processamento do sangue para a obtenção do PRP. São vários os sistemas de preparação do PRP que variam no volume de colheita, na concentração final de plaquetas e na consistência do preparado. E, face ao contínuo investimento nesta área, muitos métodos inovadores continuam a serem desenvolvidos ou aprimorados.
De um modo geral, o processamento inicia-se com uma normal colheita sanguínea (possivelmente associada a anticoagulantes, como o citrato) e posterior centrifugação. A centrifugação permitirá a visualização dos vários componentes sanguíneos em camada, o isolamento e subsequente separação do PRP – tornando-se passível de ser aplicado.
Por se tratar de um produto orgânico, atóxico e não imunorreativo, o PRP apresenta uma baixa incidência de complicações/efeitos adversos. A literatura reporta ainda uma maior eficácia do PRP comparativamente a corticoterapia ou ácido hialorónico.
Assim, este tornou-se o hemoderivado mais usado na redução do sofrimento inflamatório e no estímulo ao anabolismo – ou seja, a síntese de moléculas complexas nos tecidos – sem levantar questões éticas associadas.
A todos os benefícios supramencionados, acresce a criopreservação do PRP. Além de aumentar a sua vida útil, facilita condições de transporte e suprime limitações associadas ao armazenamento em clínica. Porém, apesar da estabilidade dos seus componentes biológicos ativos, é inevitável alguma perda de atividade biológica subsequente ao processo de descongelamento.
O PRP é um tratamento que se encontra disponível no Grupo HPA Saúde. Para que se torne exequível a sua aplicação, aconselhe-se previamente junto de um médico.