Ginecologista Obstetra
HPA Magazine 24 // 2025
A histerectomia consiste na extração do útero, impossibilitando futura gravidez, mas permite uma solução definitiva e remissão virtualmente completa dos sintomas. Pode ser efetuada pela abordagem clássica ou aberta, em que se faz uma incisão na parede abdominal semelhante à de uma cesariana, ou por laparoscopia, em que se opera através de 4 pequenos orifícios. A histerectomia laparoscópica permite uma recuperação mais rápida, tem menor risco de infeção e hemorragia da ferida operatória, tem menor risco de aderências pélvicas e de hérnia da cicatriz operatória, sendo, na generalidade, a primeira opção de abordagem cirúrgica. Tem, no entanto, limitações que podem impossibilitar a sua recomendação se estivermos perante um útero de grandes dimensões e/ou aderente aos órgãos que o rodeiam.
A miomectomia, tratamento em que se extrai apenas os miomas, preservando o útero, permite a manutenção da fertilidade, mas apenas melhora as hemorragias em 70 a 80% e estima-se que haja recorrência das queixas em 40 a 50% das pacientes. Pode ser executada igualmente por via aberta ou por via laparoscópica, com vantagens e limitações comparáveis às da histerectomia. No caso dos miomas localizados no interior da cavidade uterina, recomenda-se a cirurgia histeroscópica, na qual acedemos ao mioma através da vagina e colo do útero e operamos de dentro para fora. Esta técnica é a que tem uma recuperação mais fácil e menos riscos cirúrgicos, mas em miomas de grandes dimensões pode implicar mais do que um procedimento.
A ablação endometrial consiste na destruição do endométrio; a camada interior do útero que sofre alterações durante o ciclo menstrual e cuja descamação provoca a menstruação. Aplica-se apenas a pacientes em que a hemorragia excessiva constitui o único sintoma dos miomas uterinos. É executada por via vaginal e tem também uma recuperação muito satisfatória, mas a eficácia é variável consoante a técnica utilizada, assim como a probabilidade de recorrência da sintomatologia.
Em conclusão, o tratamento cirúrgico dos miomas uterinos deve ser cuidadosamente considerado, levando em conta as particularidades de cada paciente e a natureza dos miomas. As opções cirúrgicas disponíveis, como a histerectomia, miomectomia e ablação endometrial, oferecem soluções eficazes para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, sendo crucial que as pacientes estejam plenamente informadas sobre os riscos e benefícios de cada abordagem. À medida que novas técnicas emergem e o conhecimento sobre a gestão dos miomas evolui, espera-se que o tratamento se torne ainda mais personalizado e eficaz, garantindo assim um cuidado de qualidade para todas as mulheres afetadas por esta condição.