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Dr. André Laureano

Dermatologista

 

Psoríase, Microscopia Confocal e Terapia Biológica
Um trio que é necessário juntar

HPA Magazine 7


A Psoríase é uma doença inflamatória sistémica, crónica, imunomediada (relacionada com o sistema imunológico e com interações ambientais e genéticas) e ainda sem cura. Pode apresentar-se sob variadas formas: em placas, pustulosa ou eritrodérmica, pelo que estas manifestações podem apresentar-se discretamente ou, pelo contrário, manifestarem-se de forma grave e extensa, incluindo a pele, unhas e articulações. 


No que respeita à sua fisiopatologia, a Psoríase resulta da atividade dos linfócitos T (células responsáveis pelas defesas do organismo), que começam a atacar as células da pele. A partir daí, inicia-se uma resposta imunológica, que inclui dilatação dos vasos sanguíneos da pele e produção de outros glóbulos brancos. Contudo, como as células da pele estão a ser atacadas, observa-se também um aumento da sua produção, mas de uma forma que não chega a concluir o ciclo evolutivo normal. Como resultado desta atividade celular e molecular exagerada e não interrompida, observam-se os típicos achados clínicos de descamação e eritema (“vermelhidão”) que caraterizam as placas de Psoríase e o seu caráter crónico.
A Psoríase compromete frequentemente a qualidade de vida dos doentes, por vezes com compromisso no relacionamento social, familiar, profissional e sexual. No entanto, nunca é demais sublinhar que não se trata de uma doença contagiosa e, por isso sem necessidade que se evite o contacto.
A microscopia confocal de reflectância tem vindo a assumir uma importância crescente na Dermatologia, enquanto técnica inovadora no diagnóstico não só de patologia tumoral, mas também nas doenças inflamatórias da pele, onde a Psoríase é o exemplo paradigmático, não só pela sua fisiopatologia, como também pela sua elevada prevalência na população geral e pelos constantes avanços em terapêuticas biológicas inovadoras. A microscopia confocal destaca-se por ser uma técnica de diagnóstico não-invasiva, rápida, in vivo, substituindo as agressivas biopsias da pele em casos onde o diagnóstico clínico poderá ser difícil. Por outro lado, será a técnica ideal para avaliar a eficácia (ou não) das terapêuticas em curso. 
A microscopia confocal utiliza um Laser de díodo como fonte de luz e permite a visualização detalhada de estruturas celulares da pele, com uma resolução semelhante à do exame histológico, com a vantagem de não causar dano tecidular.
A reflexão da radiação Laser permite uma visualização em alta resolução da pele na área da lesão “em foco”, cujo resultado é uma imagem e uma interpretação “mais perfeitas”, “mais nítidas” dessas estruturas, permitindo assim aumentar a precisão do diagnóstico correto para o dermatologista, explica o Dr. André Laureano. Além disso, como esta técnica é realizada ‘in vivo’ e em tempo real, o primeiro diagnóstico pode ser dado imediatamente após a interpretação das imagens recolhidas. 
Segundo o Dr. Laureano, de todos os novos métodos de diagnóstico não invasivos, a microscopia confocal é a única técnica com resolução próxima do exame histopatológico, identificando estruturas quer da epiderme, quer da derme superficial, com a vantagem de não ser agressiva ou invasiva.
A terapia biológica baseia-se nos novos conhecimentos da biotecnologia, com a identificação de alvos específicos responsáveis pela atividade das doenças, bloqueando-os de forma selecionada e, travando o dano estrutural que por vezes provocam. Estes fármacos revolucionaram o tratamento de muitas doenças autoimunes oferecendo um enorme impacto na qualidade de vida dos doentes. 
Ao contrário dos fármacos produzidos por síntese química, os medicamentos biológicos possuem um mecanismo de ação diferente, pois são capazes de restringir a área de atuação e agir de forma pontual e específica, caraterística que permite uma personalização do tratamento, promovendo a sua maior eficácia. A terapêutica biológica pode ser derivada de hormonas (insulina, eritropoietina); anticorpos monoclonais (anticorpos semelhantes aqueles produzidos no corpo e adaptados para reagir especificamente sobre alvos selecionados); hemoderivados; medicamentos imunológicos (como soros e vacinas); alérgenos; produtos de tecnologia avançada (como genes e produtos de terapia celular); citocinas (interferões e interleucinas); fatores de crescimento hematopoiético; fatores de crescimento e fatores de coagulação sanguínea recombinante.
A experiência do HPA no tratamento da Psoríase através da terapia biológica não podia ser mais positiva, revela o Dr. André Laureano. 
Demonstramos como exemplo da eficácia deste grupo de fármacos, o caso de um doente do sexo masculino com Psoríase vulgar em placas grave, tratado na nossa Unidade com secucinumab com resposta clínica completa. Imagens antes e após 8 semanas do tratamento.
O Hospital Particular do Algarve possui certificação de Centro Prescritor de Agentes Biológicos atribuído pela Direção Geral de Saúde (DGS) para a psoríase em placas e artrite psoriática. Também para a artrite reumatóide, espondilite anquilosante, artrite juvenil poliarticular e doença inflamatória intestinal em idade não pediátrica.