A alergia ao sémen é uma reação incomum, mas real, às proteínas presentes no sémen. Afeta quase exclusivamente mulheres e pode surgir em qualquer idade, até mesmo durante a primeira relação sexual. Como os sintomas podem imitar outras condições vaginais comuns, é frequentemente subdiagnosticada.
A alergia ao sémen pode manifestar-se de duas formas principais.
A mais frequente, é uma reação localizada, que provoca ardor, prurido, inchaço ou dor na zona vaginal poucos minutos após o contacto com sémen. A segunda, menos frequente, é uma reação sistémica, que pode causar urticária (manchas pruriginosas), inchaço, pieira, dificuldade em respirar, náuseas ou até anafilaxia. Em ambos os casos, os sintomas desaparecem completamente com a utilização de preservativo. Essa trata-se de uma pista importante de que as proteínas seminais são as responsáveis pelo quadro.
Embora a causa não seja totalmente compreendida, algumas mulheres desenvolvem uma alergia mediada por anticorpos IgE (típica das alergias imediatas), enquanto outras apresentam mecanismos não-IgE, mais relacionados com alterações da barreira cutânea. O diagnóstico baseia-se sobretudo na história clínica, podendo incluir testes cutâneos com sémen do parceiro.
Existem formas de tratamento para esta condição. A proteção com preservativo previne os sintomas de forma eficaz e, para casais que desejam engravidar, os alergologistas podem realizar uma dessensibilização alergénica, um procedimento seguro que permite ao organismo tolerar progressivamente o sémen. A maioria das mulheres consegue engravidar naturalmente após o tratamento.
A alergia ao sémen não causa infertilidade, mas o desconforto ou o receio de sintomas pode dificultar as relações sexuais. Como foi dito, trata-se de uma doença muito incomum, mas se suspeita desta condição, fale com um imunoalergologista ou ginecologista, existem tratamentos e o prognóstico é geralmente muito favorável.

Dr. Pedro Morais Silva
Imunoalergologista do Grupo HPA Saúde
3 de Dezembro de 2025






