tempos médios de espera

Hospital Particular Alvor

01h00m

Atendimento Permanente

Hospital Particular Gambelas

00h03m

Atendimento Permanente

00h26m

Pediatria

Hospital Particular da Madeira

00h08m

Atendimento Permanente

00h00m

Pediatria

Madeira Medical Center

Atendimento Médico
não programado

Doutor Javier Gallego

Cirurgião Cardiotorácico

Deformidades da parede torácica intervenção e abordagem no Grupo HPA Saúde

HPA Magazine 12


Fig. 1: Pectus Excavatum



Fig. 2: Pectus Carinatum

O que são as deformidades da parede torácica

As deformidades da parede torácica são uma patologia muito prevalente na nossa população. Neste grupo de deformidades as mais frequentes são o Pectus Excavatum ou peito escavado, com uma incidência na população em geral de 1:500, sendo quatro vezes mais frequente no sexo masculino, seguido do Pectus Carinatum ou peito em quilha, com uma incidência quatro vezes inferior. Contudo, existem alterações mistas combinando caraterísticas de ambas estas deformidades, podendo ser assimétricas (mais acentuadas numa metade do toráx do que na outra), ou unilaterais (apenas de um lado).
Neste grupo de deformidades incluem-se todo o tipo de deformidades da parede torácica exceto as da coluna torácica; estas normalmente associadas a outras alterações da coluna vertebral, como as escolioses e as lordoses, normalmente tratadas pela Ortopedia.
Por vezes, a estas deformidades ósseas da parede torácica, associam-se hipoplasias mamárias (desenvolvimento incompleto de uma mama) do mesmo lado da deformação e, por vezes ausência parcial de algumas costelas.
Estas deformidades podem manifestar-se nos primeiros anos de vida, mas na maior parte dos casos aparecem ou acentuam-se muito, com o crescimento rápido durante a adolescência.
Habitualmente poupam a parte óssea dos arcos costais (a porção posterior e lateral), situando-se na parte anterior do toráx, onde a estrutura ossificada se prolonga por cartilagem que faz a ligação ao esterno. Esse crescimento excessivo provoca um afundamento da parede anterior (incluindo o esterno), ou uma projeção da parede, assim se classificando respetivamente de Pectus Excavatum (fig. 1) ou Pectus Carinatum (fig. 2).

Quais são os sintomas dos doentes?

Do ponto de vista clínico estas pessoas podem referir intolerância ao esforço, dores torácicas, má postura, muitas vezes com cifose, mas a queixa mais frequente desta doença é  psicológica; com a criação de uma imagem corporal negativa, com sofrimento psíquico e repercussão psicossocial muito significativas durante a adolescência, levando a que estes jovens evitem a todo o custo mostrar o corpo, situação mais evidente na praia onde andam sempre de t-shirt e arranjam os mais variados pretextos para não irem ao banho.

Como são diagnosticadas as deformidades da parede torácica?

A Unidade de Deformidades da parede torácica é formada por uma equipa multidisciplinar de médicos especialistas em Pediatria, Ortopedia e Cirurgia Cardiotorácica. Todos os doentes são avaliados e estudados em equipa, por forma a que o melhor diagnóstico e tratamento sejam dados a cada doente. 
A Unidade de Deformidades torácicas do Grupo HPA Saúde reúne todas as valências necessárias para uma avaliação completa e integral do doente com um Pectus, disponibilizando um tratamento adequado a crianças, adolescentes ou adultos portadores destas deformidades.
O médico assistente realizará exames complementares para confirmar o diagnóstico e rastrear patologias associadas. Para além disso, outros exames complementares de diagnóstico podem ser realizados, incluindo testes de função pulmonar, radiografia do tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma. Como a morfologia da deformidade varia muito entre os pacientes, é recomendável a realização de uma tomografia computadorizada (TAC) torácica pré-operatória, para documentação da morfologia, dimensões e gravidade

Como se faz o diagnóstico e a avaliação da gravidade do Pectus Carinatum?

Antes de se estabelecer um plano de tratamento adequado de Pectus Carinatum deve-se estratificar a gravidade da deformidade. 
É realizado um estudo de imagem não invasivo em 3D que produz uma imagem virtal da parede torácica do paciente. Este sistema - i3DCarinatum - consegue determinar o melhor plano torácico para utilizar a ortótese corretiva e, mais importante, consegue personalizar o tamanho e morfologia das barras da ortótese, do modo mais adequado para cada paciente.
 


Fig. 3: Pectus Excavatum 
Antes da cirurgia em adulto jovem, onde se observa importante depressão esternal.

Fig. 4: Pectus Excavatum 
Mesmo doente, 1 mês após a operação, com ótimo resultado da correção e cicatrizes mínimas.


O tratamento

O tratamento destas deformidades varia consoante a sua garvidade e a idade do paciente. Até à adolescência a abordagem destes doentes vai no sentido de avaliar e caraterizar a deformação, despistar a coexistência das doenças por vezes associadas e, se indicado, instituição de tratamento não cirúrgico prolongado. Neste caso, realiza-se correção da postura, fortalecimento de certos grupos musculares e por vezes prescrição de uso de aparelhos individuais, de manutenção prolongada, que promovem a compressão ou a sucção da zona deformada.
Na adolescência o tratamento passa por intervenção cirúrgica no Pectus Excavatum e tentativa de tratamento conservador nas deformidades tipo Pectus Carinatum, seguidas de tratamento cirúrgico, caso não se obtenham resultados satisfatórios.
Na idade adulta o tratamento terá de ser cirúrgico.
A grande evolução no tratamento cirúrgico está no tratamento do Pectus Escavatum por tratamento mini-invasivo utilizando a técnica de Nuss com as placas pré-moldadas após estudo do toráx por TAC.
Esta abordagem minimamente invasiva utiliza uma incisão de cerca de 4 cm, de cada lado na parede lateral do toráx, habitualmente numa zona não visível (coberta pelos braços) e a colocação de uma barra de aço individualizada, previamente moldada especificamente para aquele doente, a partir dos dados individuais colhidos por TAC, o que permite reduzir consideravelmente o tempo do procedimento, bem como uma melhor correção.
A barra de aço é retirada 2 a 3 anos após a primeira intervenção, através das mesmas incisões, num procedimento muito rápido e simples que permite a alta do paciente no mesmo dia.