Oftalmologista
HPA Magazine 24 // 2025
Tratamentos convencionais e limitações
Atualmente, o tratamento primário do glaucoma faz-se com colírios hipotensores que baixam a PIO. Embora eficazes, estes medicamentos podem causar efeitos adversos oculares e sistémicos e enfrentam problemas de adesão a longo prazo. Quando os colírios não são suficientes para controlar a doença, pode ser necessária cirurgia (como a trabeculectomia).
A cirurgia é eficaz a reduzir a PIO, mas é invasiva e acarreta riscos importantes, além de exigir recuperação prolongada.
Nos últimos anos, surgiram opções inovadoras de tratamento a laser que prometem contornar algumas das limitações dos colírios e da cirurgia tradicional. Duas destas terapêuticas são a trabeculoplastia seletiva a laser (SLT) e a terapia laser transescleral micropulsada (MP-TLT), que oferecem soluções eficazes e seguras para travar a progressão da doença em diferentes fases.
SLT – Trabeculoplastia Laser Seletiva
A SLT é um tratamento laser minimamente invasivo aplicado no segmento anterior do olho, especificamente na malha trabecular. Ao contrário de uma cirurgia, não envolve cortes nem remoção de tecido.
É realizada com o paciente acordado, sob anestesia tópica, usando-se uma lente de contacto especial para direcionar o laser ao trabéculo. O laser estimula o trabeculado a aumentar a drenagem do líquido intraocular, levando à redução da pressão dentro do olho. O procedimento é rápido e indolor, realizado em regime de ambulatório. Após o laser, a PIO não baixa de imediato, mas sim ao longo de várias semanas.
Em termos de eficácia, a SLT consegue uma redução média da PIO de 20 a 30%. Estudos clínicos demonstram que cerca de 74% dos doentes tratados com SLT mantiveram a PIO controlada sem colírios durante 3 anos. A SLT está indicada sobretudo para glaucomas de ângulo aberto. Pode ser utilizada como terapia inicial, evitando ou adiando colírios, ou como complemento aos medicamentos. Uma das grandes vantagens da SLT é poder ser repetida em caso de necessidade futura, mantendo um bom perfil de segurança. Além disso, é uma opção custo-efetiva, reduzindo a necessidade de tratamentos diários a longo prazo. No que toca à segurança, a SLT possui um perfil excelente. Os efeitos adversos são geralmente leves e transitórios, como uma ligeira inflamação ocular ou subida temporária da PIO, facilmente controláveis.
MP-TLT – Terapia Laser Transescleral Micropulsada
A MP-TLT utiliza um laser de díodo aplicado através da esclera para atuar sobre o corpo ciliar, diminuindo a produção de humor aquoso e, consequentemente, a PIO.
Diferentemente da ciclo-fotocoagulação tradicional, a técnica MicroPulse aplica energia em pulsos curtos intercalados com pausas, evitando danos colaterais significativos aos tecidos. O procedimento é realizado geralmente no bloco operatório com anestesia local, sem cortes, em regime de ambulatório.
Estudos demonstram que este laser reduz efetivamente a PIO (em média cerca de 30% do valor inicial) e apresenta taxas de sucesso elevadas (mais de 70% dos casos controlados) após 1 ano. Graças ao seu perfil de segurança melhorado, o MP-TLT pode ser utilizado não apenas em glaucomas refratários, mas também em doentes com glaucoma moderado e boa acuidade visual. Importa salientar que, ao preservar a anatomia ocular, o MP-TLT mantém abertas as opções para tratamentos futuros, se necessário. A recuperação é rápida, e o desconforto ocular é geralmente ligeiro e transitório.
Vantagens face aos tratamentos convencionais
Os tratamentos a laser SLT e MP-TLT oferecem diversas vantagens em relação às terapêuticas convencionais:
• Eficácia na redução da PIO (20–30% ou mais);
• Procedimentos minimamente invasivos e indolores;
• Recuperação rápida, com regresso às atividades diárias em poucos dias;
• Menor dependência de colírios a longo prazo;
• Perfil de segurança muito favorável, com raras complicações graves;
• Preservação das opções cirúrgicas futuras.
Conclusão
A disponibilização da trabeculoplastia seletiva a laser (SLT) e da terapia laser transescleral micropulsada (MP-TLT) no Hospital Particular do Algarve representa um importante avanço na abordagem ao glaucoma. Estas tecnologias permitem controlar de forma eficaz a pressão intraocular com mínimo impacto na rotina dos pacientes, oferecendo uma alternativa segura, eficaz e personalizada. O SLT e o MP-TLT diferenciam o tratamento para cada doente, desde fases iniciais até fases mais avançadas, melhorando a qualidade de vida e preservando a visão. O HPA reforça assim o seu compromisso em proporcionar cuidados de excelência, colocando à disposição dos seus doentes as tecnologias mais inovadoras e eficazes na prevenção da cegueira provocada pelo glaucoma.