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Enf.º Tito Félix

Enfermeiro Especialista  em Saúde Materna e Obstetrícia
Serviço de Ginecologia e Obstetrícia

 

Enf.º Tito Félix

Náuseas e vómitos na gravidez

HPA Magazine 24 // 2025

 

A gravidez é um período perante o qual a Mulher se depara com múltiplos desafios, inúmeras mudanças que requerem por parte dela sucessivas adaptações. Nos primeiros meses, é comum que a grávida experimente uma variedade de sintomas que indicam que o seu corpo se está a adaptar a esta nova fase: fadiga intensa, sonolência, sensibilidade mamária, alterações de humor, aumento na frequência urinária, náuseas e vómitos, entre outros.
No âmbito da Consulta de Enfermagem de Saúde Materna do HPA as queixas mais recorrentes das grávidas no primeiro trimestre são as náuseas e vómitos, para os quais nos solicitam esclarecimentos, estratégias, soluções.

 


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No caso específico das náuseas e vómitos de que nos vamos ocupar neste artigo, estes variam bastante de grávida para grávida, tanto em intensidade como na sua persistência. No entanto, apesar de serem considerados normais na maioria dos casos, é importante entender quando assumem uma dimensão de gravidade. Estima-se que entre 50% a 80% das grávidas experienciem náuseas e vómitos ligeiros até às 9 semanas de gestação, podendo persistir esta sintomatologia até às 16 semanas e sendo um motivo de recurso ao serviço de urgência. Está também descrito que só 0,3% a 3% das grávidas podem vir a configurar o quadro de hiperémese gravídica. Vamos, portanto, focar-nos especificamente nas náuseas e vómitos, distinguindo as diferenças entre sintomas leves e os mais graves, além de orientar sobre os cuidados e estratégias necessários para os minimizar e garantir a saúde da mãe e do bebé.

As alterações hormonais
Durante a gravidez ocorrem diversas alterações hormonais, especialmente o aumento da Bhcg (gonadotrofina coriónica humana, fração beta) e do estrogénio que determinam a ocorrência de episódios de náuseas e vómitos. Além dos fatores hormonais referidos há a ter em conta fatores emocionais como o stresse e a fadiga, assim como aversão a certos alimentos ou cheiros fortes. Cada mulher reage de uma forma distinta e entender essas causas ajuda a gerir melhor o desconforto sentido. Em resumo, as náuseas na gravidez resultam de uma combinação de fatores hormonais, psicossomáticos, neurológicos e gastrointestinais.
A Bhcg é segregada pelo organismo após a implantação do embrião no útero e os seus níveis aumentam rapidamente nas primeiras semanas de gestação. Níveis elevados de Bhcg estão relacionados com maior incidência de náuseas e vómitos, especialmente entre a 6ª e a 12ª semana de gestação. Por isso a grande maioria das grávidas vê este desconforto desaparecer quase completamente no final do primeiro trimestre. 
Por seu lado, o aumento do nível dos estrogénios interfere diretamente com o sistema gastrointestinal, favorecendo o refluxo e alterações da digestão.

Classificação dos Sintomas
Náuseas e vómitos ligeiros: São episódios ocasionais que não comprometem significativamente a saúde da grávida ou do bebé. Geralmente, aparecem pela manhã ou após refeições e podem ser controlados com mudanças na alimentação, medicação e repouso.
Náuseas e vómitos incoercíveis: Quando os episódios se tornam frequentes, intensos e comprometem completamente a ingestão de sólidos e líquidos, obrigando a jejuns prolongados e elevada cetonúria. Esta condição exige recurso ao serviço de urgência e atenção médica imediata, pois pode levar irremediavelmente à desidratação grave, perda de peso corporal e complicações para a mãe e o bebé.

A Hiperémeses Gravídica
No decorrer da gravidez, os vómitos, especialmente quando são intensos e persistentes (também chamados vómitos incoercíveis), podem conduzir a complicações como a desidratação e o desequilíbrio hidroeletrolítico, configurando-se o quadro clínico designado de Hiperémeses Gravídica. A desidratação ocorre porque a perda excessiva de líquidos através do vómito é agravada pela completa intolerância alimentar de sólidos ou líquidos, levando a perda de peso corporal. O desequilíbrio hidroeletrolítico ocorre quando há uma perda desproporcional de eletrólitos, como o sódio e o potássio (verificado analiticamente) que são fundamentais para a manutenção de muitas funções vitais e um aumento de corpos cetónicos na urina. Chegam inclusivamente a sentir-se sintomas como fraqueza, astenia, tontura, cãibras musculares, confusão mental e até alterações cardíacas. No contexto da gravidez, esses problemas podem comprometer o bem-estar da mãe e também afetar o desenvolvimento do bebé.

 

Tratamento Hospitalar
Genericamente o tratamento é feito em contexto de urgência durante algumas horas e envolve a administração de antieméticos, reposição de líquidos e eletrólitos, seja por via oral ou intravenosa, além de prevenir e tratar os vómitos. Quando é tolerada a ingestão de alimentos a grávida tem alta levando consigo orientações para minimizar este desconforto.

Estratégias e Cuidados 
Quando se trata de tratar e cuidar das náuseas e vómitos na gravidez, a alimentação desempenha um papel fundamental, para aliviar os sintomas e evitar complicações. Aqui estão algumas orientações importantes:
• Refeições fracionadas: em vez de grandes refeições, faça pequenas porções a cada 2-3 horas. Isso ajuda a evitar o excesso de volume no estômago, que pode piorar as náuseas e facilitar o vómito.
• Opte por alimentos leves e de fácil digestão:  biscoitos de água e sal, torradas, bolachas simples, frutas não cítricas e alimentos cozidos. Esses alimentos ajudam a reduzir a sensação de náusea e evitam sobrecarga do estômago.
• Evite alimentos gordurosos e/ou condimentados e/ou ácidos: estes alimentos de difícil digestão podem irritar o estômago e aumentar a sensação de náusea ou refluxo e conduzir ao vómito.
• Hidratação adequada: beba líquidos em pequenos goles ao longo do dia, preferindo água, chá de gengibre ou sucos naturais diluídos. Evite líquidos muito gelados ou muito quentes ou gaseificados, que podem piorar o desconforto. Existem também no mercado soros de hidratação oral.
Se sentir sinais de refluxo associado às náuseas e vómitos:
• Evite deitar-se imediatamente após as refeições. Procure manter-se em posição vertical por pelo menos 30 minutos para ajudar a prevenir o refluxo.
• Durma com a cabeceira da cama elevada ou use travesseiros extras para ajudar a reduzir o refluxo noturno.

Lembre-se sempre de recorrer à Consulta Externa de Obstetrícia do HPA onde o seu Obstetra ou o Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia estão disponíveis para lhe dar orientações específicas, especialmente se os sintomas forem intensos ou persistentes. 
Assim garante uma gravidez mais confortável, tranquila, segura e saudável para si e o seu bebé.