tempos médios de espera

Hospital Particular Alvor

00h00m

Atendimento Urgente

Hospital Particular Gambelas

00h00m

Atendimento Urgente

00h00m

Pediatria

Hospital Particular da Madeira

00h00m

Atendimento Urgente

00h00m

Pediatria

Madeira Medical Center

00h00m

Atendimento Urgente

Dr.ª  Alexandra Adams

Neurocirurgiã

 

Neurocirurgia nas Lombalgias
Técnicas Percutâneas Minimamente Invasivas

HPA Magazine 7


Eficácia aumentada, invasão diminuída

As dores da coluna vertebral são as queixas dolorosas mais frequentes da espécie humana. Cervicalgias, dorsalgias e lombalgias são mundialmente as causas mais comuns de consultas médicas e de absentismo laboral. Estima-se que, em algum momento da sua vida, 85% da população desencadeará um quadro de lombalgia. 



A dor é um evento central neuro-físico e psicológico com um componente sensorial e emocional percecionada apenas pelo doente. Portanto fatores físicos e psicológicos estão envolvidos na sua fisiopatologia. Na grande maioria dos quadros álgicos raquidianos estamos perante dor de carater nocicetivo, sendo a neuropática muito menos relevante. Portanto estímulos provocados por agentes nocivos, mecânicos, térmicos, químicos e inflamatórios, desencadeiam uma resposta nervosa mediada por fibras nervosas da dor, após estimulação dos recetores teciduais. As lombalgias podem ser enquadradas em quadros clínicos bem definidos - degenerativos, infeciosos, fraturas vertebrais, neoplasias, etc. ou, na maioria dos casos, em quadros inespecíficos. A estes quadros mal definidos de dor axial, chamamos de lombalgias mecânicas. 
As lombalgias mecânicas podem ser classificadas de agudas ou crónicas - superior a seis meses - de acordo com a evolução temporal. Os fatores de risco são múltiplos, atribuíveis a determinadas profissões (trabalhos pesados, repetitivos), postura, excesso de peso, fatores de ordem genética e psicossociais. Estes com forte influência nas lombalgias crónicas e incapacitantes. O diagnóstico é feito pela avaliação clinica do doente e estudos de imagem, de entre os quais a Ressonância Magnética é particularmente relevante. São situações autolimitadas, 90% dos casos resolvem-se com tratamento conservador e em cerca de 2-7% dos casos torna-se crónica. Podem ainda ser recorrentes. O objetivo do tratamento é aliviar a dor, recuperar funcionalidade, prevenir a recorrência e cronicidade.
A maioria dos doentes com lombalgias recupera sem cirurgia. Esta pode adicionar complexidade e custos ao tratamento, não adicionando, a longo-prazo, vantagem comparativamente às modalidades de tratamento ditas conservadoras. Assim sendo, a cirurgia precoce deverá ser considerada em casos de défices motores instalados podendo ser protelada ou não indicada nas outras circunstâncias.
As técnicas de intervenção minimamente invasivas percutâneas, guiadas por imagem – Tomografia Computorizada, Fluoroscopia e Ultrassons - permitiram identificar, numa percentagem considerável de casos, as estruturas anatómicas envolvidas na génese das lombalgias inespecíficas, que classificávamos como mecânicas. Os discos intervertebrais, as facetas articulares e as articulações sacroilíacas são as estruturas preponderantes. Mas a intervenção não se limita ao diagnóstico, estende-se ao tratamento e ao prognóstico. Orienta-nos para a causa da dor, permite trata-la temporariamente e prevê o prognóstico para eventuais procedimentos cirúrgicos.
 

BLOQUEIOS NEURAIS 
Os bloqueios neurais ou injeções similares são procedimentos que consistem em injetar localmente anestésicos e ou corticoides para efeitos terapêuticos, diagnósticos e prognósticos.
Os bloqueios terapêuticos aliviam a dor aguda particularmente nas situações que são autolimitadas e nas exacerbações das dores crónicas, particularmente de natureza inflamatória. Contribuem para manter o doente em ambulatório, diminuem a necessidade de medicação, melhoram a participação em programas de reabilitação e em alguns casos evitam ou atrasam a necessidade de cirurgia. No contexto das lombalgias os bloqueios mais usados são epidurais – interlaminar, caudal e transforaminal. 
A aplicação dos bloqueios estende-se à dor facetária, quer infiltrando diretamente a articulação, quer bloqueando o nervo medial que se dirige à faceta. As articulações sacroilíacas podem beneficiar com esta técnica, após se ter diagnosticado que o ponto de origem da lombalgia reside nas mesmas.

RADIOFREQUÊNCIA
A radiofrequência é uma onda electromagnética, que é aplicada através de um elétrodo de pequeno calibre, inserido por uma agulha especial, ficando exposta apenas a sua parte mais distal. Quando a corrente de radiofrequência é libertada produz calor e um campo elétrico. A radiofrequência térmica é usada para tratar a dor facetária ao causar a termo coagulação do nervo medial. A radiofrequência pulsada usa o campo elétrico e não o efeito térmico para provocar a analgesia e pode ter outras aplicações dado que não causa destruição nervosa. 
A lombalgia com origem nas articulações sacroilíacas pode também ser tratada com radiofrequência.

 

NUCLEOPLASTIA/DISCECTOMIA PERCUTÂNEA /ELETROTERAPIA INTRADISCAL
São técnicas dirigidas ao tratamento da dor discogénica causada pelos discos protundidos (protusão discal). A base teórica das mesmas assenta na diminuição da tensão intradiscal, podendo melhorar a dor causada pelo disco protundido e reduzir o abaulamento. Nas circunstâncias atuais, estas técnicas não têm trazido valor acrescentado ao tratamento conservador e cirúrgico convencional.

OZONOTERAPIA 
Devido às suas potentes caraterísticas oxidantes, o ozono é muitas vezes chamado de “oxigénio ativo”, sendo portanto um potente anti-inflamatório. O ozono é um gaz obtido através de um gerador de energia, podendo ser administrado de múltiplas formas: local, endovenoso, intra-articular, discal, etc. No caso das lombalgias, os locais onde é passível de ser aplicado são o disco intervertebral (dor discogénica), peri-radicular (fibrose pós-cirúrgica) e ainda de forma intra-articular. 
A ozonoterapia é considerada uma medicina natural, que se tem vindo a implementar devido aos seus empíricos resultados favoráveis e, à ausência de complicações relevantes.

NEUROMODULAÇÃO 
A estimulação medular é um tratamento sintomático da dor, não influenciando contudo, a causa ou progressão da doença. Está indicada sobretudo quando já fracassaram todas as outras medidas de controlo da dor incluindo a cirurgia. É usada nos casos de dor neuropática relacionados sobretudo com as síndromes de cirurgia lombar falhada