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Enfª Lúcia Condinho

Ansiedade no pós-parto

HPA Magazine 21 // 2024

 

A  gravidez compreende mudanças fisiológicas, emocionais, psicológicas e cognitivas importantes que se repercutem na perceção da feminilidade e na conceptualização da identidade e personalidade da mulher. 

 



 

Sabe-se que a depressão e a ansiedade podem afetar as mulheres durante a gravidez e após o parto, no entanto, os homens também podem estar em risco. A doença mental em qualquer um dos pais contribui para resultados adversos para a criança e família. 
De acordo com os estudos, 5 a 10% dos pais sofrem de depressão perinatal e 5 a 15% experimentam ansiedade perinatal, com aumento destas taxas quando as mães também vivenciam algum problema de saúde mental. 
Alguns pais descrevem sentir exaustão, falta de concentração, irritabilidade e ansiedade; relatam igualmente a necessidade de apoiar as parceiras, mas com pouca certeza de como o fazer.  
A pressão externa é mencionada pelos pais por serem considerados os mais “fortes” e por não terem o direito de se sentirem deprimidos num momento em que deveriam sentir-se felizes, o que os leva a não procurar ajuda e a manterem-se no silêncio.
 

Neste âmbito, surge a necessidade de incluir a figura paterna nos cuidados de saúde ao longo desta fase da vida, de forma a promover o igual direito à rede de apoio personalizado e a melhor adaptação e bem-estar mental dos novos pais. 
É igualmente importante os casais estarem informados pelos profissionais de saúde acerca dos sinais de alerta que incluem, cansaço, falta de apetite, dificuldade em dormir, dores de cabeça contínuas ou tensão muscular, tristeza, culpa e vergonha, ansiedade e irritação, medo de cuidar do bebé, dificuldade de concentração e de realizar tarefas diárias, pensamento de morte ou suicídio, desinteresse na atividade sexual, vontade de passar mais tempo no trabalho e uso de álcool ou drogas para tentar lidar com a situação, de forma a poderem solicitar assistência perante esta sintomatologia. 
A realização de uma lista de verificação de saúde mental junto dos profissionais que os acompanham assume particular importância na medida em que permite a compreensão do que está a ser vivenciado.
Os pais podem ser protetores da saúde mental da mãe e os seus efeitos são visíveis no bem-estar da criança, pelo que prevenir ou tratar problemas de saúde mental paternos pode beneficiar a família como um todo.