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Dr. Cátia Paixão Martins

Serviço Ginecologia & Obstetrícia

 

Dr. Cátia Paixão Martins

Tratamento médico dos miomas uterinos

HPA Magazine 24 // 2025

 

Apesar dos fibromiomas serem muito prevalentes e afetarem uma percentagem muito significativa de mulheres até ao final da sua vida reprodutiva, na grande maioria dos casos eles são totalmente assintomáticos. Isto é, não se associam a qualquer tipo de sintoma, sendo identificados acidentalmente na consulta de rotina, durante a realização da ecografia ginecológica.
Nestas situações, não é necessário instituir qualquer tipo de intervenção médica, apenas é recomendado manter a vigilância clínica na consulta de ginecologia, uma vez que os miomas podem manter o seu desenvolvimento até à menopausa.

 


Tratamento dos miomas uterinos


 

Então que mulheres necessitam de tratamento?

Qualquer mulher que apresente sinais ou sintomas que afetem a sua saúde ou interfiram com a sua qualidade de vida.
Muitas pacientes apresentarão sintomas, incluindo hemorragia uterina anormal, sintomas de pressão ou volume pélvico, problemas de fertilidade e/ou dor que justificam o tratamento. Estas pacientes têm uma variedade de opções terapêuticas disponíveis para tratar os seus sintomas, que serão indicadas sempre caso a caso. A preferência da mulher e a tomada de decisão compartilhada com o médico são usadas para criar a estratégia mais eficaz até que os sintomas sejam adequadamente controlados. 
O tratamento médico é habitualmente a primeira opção para controlar os sintomas associados aos miomas uterinos. Dispomos de fármacos cada vez mais eficazes e com menos efeitos secundários e que nos podem permitir preservar o útero e a sua anatomia, isto é, evitar uma cirurgia. No entanto, existem limitações importantes; estes medicamentos apenas atuam na redução de sintomas, normalmente através da supressão da menstruação, com uma eficácia muito variável entre pacientes, e não conseguem diminuir o volume uterino de forma persistente.

Que tipos de medicamentos temos então disponíveis?
Podemos considerar dois tipos de estratégias médicas: os tratamentos não hormonais e a terapia hormonal, com diferentes mecanismos de ação.
Os tratamentos não hormonais interferem com os mecanismos inflamatórios e fenómenos de alteração da vascularização que se associam aos miomas; atuam de forma inespecífica e, por isso, são também pouco eficazes. Normalmente, são utilizados de forma complementar ou quando existe contraindicação ao tratamento hormonal. Fazem parte deste grupo os anti-inflamatórios, muito usados no controlo da dor associada à menstruação e o grupo dos anti fibrinolíticos, um tipo de medicamentos que potencia a coagulação, com o objetivo de reduzir o volume e a duração da hemorragia uterina anómala. 
Já a terapia hormonal baseia-se na modulação da resposta dos miomas às hormonas do ciclo reprodutivo feminino, através da supressão da menstruação.
Os contracetivos hormonais estão indicados como a primeira escolha no tratamento da dor e da hemorragia uterina anómala associada aos fibromiomas, na mulher que não pretende gestação. A nível do ovário, estes medicamentos bloqueiam a ovulação (e assim garantem contraceção) e ao nível uterino induzem descamação uterina controlada (a chamada hemorragia de privação), de menor quantidade e com menos dor associada. 
As pílulas orais, o anel vaginal, o implante hormonal e o adesivo trans dérmico têm subjacente este mecanismo e qualquer um deles pode ser eficaz; a escolha entre eles irá depender do perfil e preferência de cada mulher.  
O dispositivo intrauterino (DIU) com levonogestrel também faz parte dos contracetivos hormonais; atua essencialmente ao nível uterino e pode ser uma opção muito eficaz com reduzidos efeitos secundários. Os contracetivos hormonais são normalmente bem aceites pelas mulheres, com boa tolerância clínica e podem conjugar vários efeitos benéficos para além da contraceção, nomeadamente, aumento da qualidade de vida, tratamento de alterações hormonais, redução da anemia por deficiência de ferro, redução do risco de cancro uterino e cancro do ovário.
Quando os contracetivos hormonais falham no controlo dos sintomas ou em situações de urgência, em que necessitamos de um bloqueio mais eficaz e rápido do eixo hormonal, recorremos a outro grupo de tratamento hormonal: os agonistas ou antagonistas da GnRH. 
A GnRH é uma hormona produzida a nível cerebral, responsável pela regularidade do ciclo menstrual. Quando a sua libertação é interrompida por este tipo de medicamentos (agonistas ou antagonistas da GnRH), há um bloqueio central e completo do eixo hormonal e a função ovárica da mulher é completamente suprimida. Isto é, há uma descida brusca dos estrogénios e progesterona, simulando um estado de menopausa. Desta forma, estes fármacos conseguem atuar de forma muito rápida no controlo da hemorragia e até diminuir o tamanho dos miomas; no entanto, quando a medicação é interrompida, os sintomas voltam e os miomas retomam o seu tamanho anterior.

 

Mas se estes fármacos são tão eficazes porque temos que os interromper?  
De forma imediata, estes medicamentos normalmente induzem sintomas de menopausa muito acentuados, abruptos, que interferem com a qualidade de vida da mulher e que levam ao abandono da terapêutica. A longo prazo, temos repercussões mais graves na saúde, como o risco de osteoporose e de eventos cardiovasculares, o que impossibilitam o uso prolongado deste tipo de medicamentos. A sua indicação mantém-se apenas no controlo de situações urgentes ou na otimização de uma futura intervenção cirúrgica.
Recentemente, foi aprovado um grupo de medicamentos que conjuga os antagonistas da GnRH com estrogénios e progesterona, com objetivo de conseguir a eficácia desde tipo de medicamentos sem efeitos secundários, a chamada “menopausa like”. São uma alternativa segura aos contracetivos hormonais, que se podem manter de forma prolongada, mas o seu uso tem que ser discutido de forma individual com a paciente.

Em suma, o tratamento médico dos sintomas associados aos miomas uterinos é sempre instituído de forma individualizada. É muito importante compreender que tratamos mulheres e não miomas, o tratamento deve ser sempre discutido com o médico e ter em consideração as caraterísticas de cada paciente. Os contracetivos hormonais são normalmente a primeira linha para o tratamento da dor e da hemorragia uterina associadas aos miomas nas mulheres que não pretendem gestação e podem ter múltiplos benefícios para a saúde feminina. Atualmente dispomos de medicamentos cada vez mais eficazes e, com uma combinação de estratégias pode ser possível preservar o útero e evitar uma cirurgia.