tempos médios de espera

Hospital Particular Alvor

00h21m

Atendimento Urgente

Hospital Particular Gambelas

00h00m

Atendimento Urgente

00h00m

Pediatria

Hospital Particular da Madeira

00h28m

Atendimento Urgente

00h00m

Pediatria

Madeira Medical Center

00h00m

Atendimento Urgente

VIDA SAUDÁVEL 

Regras e limites!!

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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E as birras?

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Todos os dias ao longo do tempo promova a conversa e a relação com o seu filho, coloque-se no lugar dele, para que sinta segurança e apoio dos pais.

>> Negociar – Se não houver negociação será muito difícil que cumpra com o que foi estipulado por si. Estabeleçam os horários para saídas, adequados à idade, à situação e em função dos resultados alcançados na semana.

>> De forma natural promova o diálogo, sem que ele sinta a pressão de ter que responder a um inquérito, criando o hábito de deixarem uns aos outros bilhetinhos ou mensagens, promovendo conversas periódicas

>> Responsabilizar – Frases como “é assim porque eu quero” ou então “tens de aceitar o que te digo” não ajudam a construção de relações saudáveis entre pais e filhos. Opte por dizer “é a melhor decisão tendo em conta as outras hipóteses” … ou então, “mas diz-me quais são os teus argumentos?” ou ainda, “vamos analisar em conjunto todas as hipóteses”. Procure responsabilizá-lo, transmitindo confiança nele e numa primeira fase dê-lhe responsabilidades que saiba que irá conseguir cumprir, promovendo assim o sucesso.

>> Os gritos e as acusações não acrescentam nada à comunicação.

>> Transmita ao seu filho a importância de ele se sentir bem por ser quem é, de pensar por si próprio e tomar as suas próprias decisões;

>> Mostre interesse pelo o que o seu filho diz e sobre o que acontece com ele. Conheça o grupo de amigos do seu filho. Nesta fase da adolescência os amigos são figuras muito importantes e significativas na construção da identidade.

Não quero ir à escola

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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E as birras?

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Perceba o que desmotiva o seu filho e mostre-lhe os pontos positivos da escola, cultive desde cedo o interesse pela aprendizagem e pela escola.

Tente perceber a origem da recusa em ir à escola. De forma amigável e calma, não desvalorize o que ele diz, oiça-o com atenção e tente compreender o seu mal-estar.

Procure conhecer o ambiente vivido em sala de aula, entre colegas, bem como os métodos de ensino mais usados.

Pode ser importante partilhar a situação com o professor, mas com cuidado para o seu filho não se sentir numa situação constrangedora.

Ajude o seu filho a estudar e a desenvolver os seus métodos de estudo, aumentando assim a sua capacidade em compreender e interessar-se pelas matérias e aumentar o seu sucesso, sempre com cuidado para que esses momentos não se transformem em discussões e se tornem num castigo e salientando a importância da autonomia.

Ajude a criança a organizar um horário de estudo para que possa conseguir um equilíbrio entre momentos de tarefas escolares e momentos livres.

Disponibilize a sua casa para a realização de trabalhos de grupo, ou para momentos de estudo ou até de lazer.

Descubra com o seu filho o que gosta de fazer e proporcione-lhe momentos ocupados com atividades que gosta.

Promova visitas, idas a locais que promovam aprendizagens divertidas para que possa aumentar o interesse pela aprendizagem.

Quais são os seus interesses e a vocação do seu filho? O que é preciso para lá chegar? Juntos façam pesquisas, esclareçam dúvidas.


Ansiedade e medos

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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Ansiedade e medos

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A ansiedade e o medo podem surgir em qualquer altura da vida da criança.

Compreenda que o seu filho está a passar por uma dificuldade. Ele não está a ser malandro ou resistente de forma deliberada. Está a passar por uma dificuldade e precisa da sua ajuda.

Ao conversarem sobre o que preocupa a criança está a demonstrar-lhe que se preocupa com ela e isso ajudá-la-á a sentir-se apoiada

Não espere que as coisas mudem de um dia para o outro. Mantenha-se sereno e encoraje-o a não desistir.

Ajude a criança a fazer uma lista de preocupações e medos para que possa exteriorizar o que sente e depois arranjarem soluções para cada um.

Não o critique, goze ou humilhe com aquilo que lhe causa ansiedade. Um medo é um medo, quer o compreenda ou não, e pode ser fonte de muita agitação emocional.

Façam um desenho sobre as preocupações e um desenho do seu filho a vencer o medo. Coloque o desenho da criança a vencer o medo num local visível em casa.

Lembre-se de valorizar a criança por usar novas estratégias e por tentar ultrapassar as suas dificuldades. Recompense e elogie os esforços

Diga-lhe: Quando reparares que estás com “pensamentos negativos”, como “Vou falhar”, diz: “STOP!”. Imagina um sinal de STOP na tua cabeça ou imagina-te a dizer bem alto STOP. De imediato substitui o pensamento negativo por um mais positivo ou agradável, por exemplo “Vou esforçar-me” ou “Vou ser capaz”.

Pratiquem “viagens em pensamento” até locais, reais ou imaginários, calmos e tranquilizantes.

Pratiquem exercícios de relaxamento

Cuidar a brincar em tempo de pandemia

Texto da Enf.ª Adriana Ramos

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Cuidar a brincar em tempo de pandemia

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Em Pediatria o atendimento à criança carece de uma atenção especial e de um reforço dos cuidados humanizados.

Ao cuidar de crianças hospitalizadas, encontramos um ser humano e a respetiva família imersos em emoções, desgaste físico e vulnerabilidade social, o que exige do profissional de enfermagem não só compreensão da doença, mas também sensibilidade para reconhecer as peculiaridades de cada indivíduo.

A doença, a hospitalização e a dor são fatores potenciadores de stress na criança. A exposição da criança a episódios traumáticos repetidos, ativa as suas respostas biológicas de stress, que produzem consequências comportamentais e emocionais que se traduzem em trauma. Na criança que se encontra em desenvolvimento, a ativação repetida destes sistemas vai condicionar o desenvolvimento da estrutura e do funcionamento do seu cérebro, tendo consequências na forma como a criança se relaciona consigo, com os outros e com o ambiente.

É da responsabilidade dos enfermeiros a realização de intervenções que visem a diminuição destes impactos, como por exemplo a utilização do brincar terapêutico.

O brincar terapêutico pode ser definido como um conjunto de intervenções para promover o bem-estar das crianças durante a hospitalização, sendo um conjunto de atividades lúdicas estruturadas em função do estado de saúde, idade e desenvolvimento da criança. Assim, não se trata apenas de uma atividade recreativa, mas sim de uma atividade planeada com um objetivo.

O brincar proporcionado pelos profissionais de saúde pode melhorar a relação enfermeiro-criança, aumentando a confiança durante a prestação de cuidados. Assim, é importante conhecer a sua eficácia para transformar as unidades hospitalares pediátricas num ambiente agradável, atraente e lúdico, afim de alcançar melhor resultados e humanizar o atendimento.

Também os pais, enquanto figura de proteção para a criança, apresentam um papel fundamental no brincar terapêutico, sendo a sua aprovação e participação, a forma mais facilitadora na aceitação pela criança do brincar terapêutico durante a prestação de cuidados. 


Em caso de distração e agitação

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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Ajudar a criança a deixar a chupeta

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Em casa, proporcione um ambiente estruturado, com horários e rotinas.

Ajude o seu filho a perceber o que os adultos esperam dele, definindo regras claras e coerentes que orientem as suas ações.

Crie oportunidades para estar com o seu filho sem lhe estar a dar ordens, ralhar ou corrigir. Dê-lhe a sua atenção de forma positiva (nem que seja por 15 minutos diários).

Autoestima:
Ajude o seu filho a aumentar a confiança em si mesmo, elogiando-o.

Autocontrolo:
Estabeleça e aplique métodos que permitam o autocontrolo, como horário de estudo, agendas, listas, cronogramas.

Façam jogos em família que ajudem a aumentar a atenção e concentração (jogos de memória, de categorias, labirintos, diferenças, etc.).

Divida as tarefas do seu filho, em tarefas mais pequenas, que possam ser realizadas em curtos intervalos de tempo.

Construa com o seu filho um mapa/calendário com as tarefas escolares que tem para fazer e a organização do seu tempo perante tais tarefas, fixando tempos de tarefas e tempos livres. Colocar o mapa em local visível e de fácil consulta.

Faça pedidos simples e diretos, mantendo sempre o contacto visual com o seu filho e certificando-se que ele entendeu.

A escolha de um desporto estruturado pelo seu filho é essencial, melhora a saúde e a concentração.

E os TPCs? Crie o ambiente certo

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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A hora das refeições

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Na hora de fazer os TPCs e estudar, garanta que o seu filho tem uma mesa espaçosa, com boa iluminação, num local sem distrações (TV, Internet, Telemóvel).

Não permita que ele esteja ligado à internet enquanto faz os TPCs – Entre responder a mensagens dos amigos, jogar ou pesquisar na internet, o mais certo é que demore o triplo do tempo e não aprenda.

Pergunte ao professor quanto tempo é suposto o seu filho passar a fazer os TPCs e o que ele pensa serem as dificuldades específicas do seu filho. Dê-lhe feedback do tempo despendido e grau de dificuldade dos TPCs.

Em função das horas disponíveis, do volume de trabalho e necessidades específicas de estudo. Ajude-o a adaptar e alterar este horário sempre que isso faça sentido.

O descanso e a brincadeira são importantes e benéficos para o desenvolvimento e sucesso na aprendizagem, por isso, garanta que o tempo do seu filho está distribuído de acordo com estas prioridades. Contem o tempo despendido em cada dia. Faça da rentabilização do tempo um desafio (TPC/brincadeiras).

É importante que permita que o seu filho resolva por si próprio os problemas e desafios, contribuindo assim para a sua autoconfiança, determinação e autonomia.

Esteja disponível, fique por perto, e ajude-o a pensar se estiver com dificuldades.


SEGURANÇA 

Viajem com crianças - Farmácia em viagem

Texto da Pediatra Dra. Inês Serras

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Farmácia em viagem

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Viajar é cada vez mais frequente, seja em trabalho, seja em férias, nomeadamente com crianças.

O que levar como medicação para a viagem surge, habitualmente, na hora de fazer a mala, para quem viaja com crianças

As necessidades de cada família, irão depender das idades das crianças, do destino e, eventualmente, da duração da viagem.

Quando nos deslocamos em viagem para fora do país, devemos ter em conta que, a alimentação, o clima e os costumes poderão ser diferentes dos nossos, o que poderá acarretar alguns riscos acrescidos para a saúde. Por forma a acautelar eventuais imprevistos, devemos saber quais as doenças que poderão surgir e os recursos de saúde existentes na região.

De um modo geral, na mala da farmácia de viagem poderão constar:

  • Monodoses de soro fisiológico, termómetro, ligadura, monodoses de desinfetante (ex.: Betadine), pensos rápidos, compressas esterilizadas, tesoura, pinça, etc.
  • Antipiréticos/anti-inflamatórios: paracetamol e ibuprofeno com referência às doses de acordo com o peso da criança (muito úteis em situações de febre ou dor aguda -dor de ouvidos, dor de garganta, etc.).
  • Anti-histamínicos orais ou pomada, no caso de alergia
  • Probiótico e solução de reidratação oral, para casos de diarreia e vómitos
  • Medicação habitual, no caso de doença pré-existente ou outros medicamentos que possam ser úteis, de acordo com o historial da criança.
  • Repelente com adequada proteção contra insetos que transmitam malária, dengue e febre amarela em países endémicos. O repelente deverá conter DEET ou IR3535.
  • Protetor solar e hidratante pós-exposição solar
  • Descongestionante nasal, para a congestão nasal
  • Laxante/clisteres para questões de obstipação

Antes da viagem deverá procurar o seu pediatra, no sentido de personalizar esta lista, de acordo com as possíveis necessidades do seu filho.

Tome especial atenção para o acondicionamento dos medicamentos.

No caso de viagem de avião, lembre-se que existem regras específicas para o transporte de medicação na bagagem de mão, de modo a poder aceder aos fármacos durante a viagem, ou em caso de perda/atraso da bagagem de porão (poderá consultar as especificações de cada companhia aérea no respetivo portal).

Idealmente, deverá ter uma cópia da receita médica, onde conste o nome da substância ativa e a dose dos medicamentos habituais, para controlo na segurança do aeroporto.

Os medicamentos sólidos, como comprimidos ou cápsulas, não têm restrições. O mesmo não se verifica no caso de xaropes, transportados na bagagem de mão. Estes deverão ser transportados em embalagens seladas, com volume máximo de 100mL (num máximo de 1 Litro por passageiro), dentro de um saco de plástico, semelhante aos artigos de higiene.

Se vai viajar dentro da Europa, considere fazer o Cartão Europeu de Seguro de Doença (hiperligação no site), que lhe permite aceder aos cuidados de saúde de serviços públicos do país onde se encontra. Se viajar para fora da Europa, é aconselhável fazer um seguro de viagem.

Uma fonte muito completa de informação para viagens pode ser consultada em:  www.travelhealthpro.org.uk


Bullying na escola

Texto do Pediatra Dr. Luís Gonçalves

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Ajudar a criança a deixar a chupeta

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Promova o diálogo, aumentando a proximidade com o seu filho para que se sinta seguro e apoiado.

Depois de saber o que aconteceu evite frases como “bem feita”, “eu não te avisei?”. Já é problemática e humilhante para ele a situação que está a viver.

Promova a partilha de soluções para o problema – Ajude-o a construir todas as soluções possíveis.

Elogie e valorize o seu filho, ensine-o a gostar de si e a enfrentar os problemas. Pendure no quarto dele frases como “Eu acredito em mim mesmo” ou “Eu tenho valor!”.

Transmita ao seu filho que juntos conseguirão ultrapassar a situação. E que tal já aconteceu com outras crianças/jovens e que conseguiram superar!

Plano de prevenção:

  • Manter uma distância segura dos bullies;
  • Garantir uma rede de suporte, partilhando este assunto com um amigo (ou grupo);
  • Pedir ajuda a adultos na escola que o possam ajudar.
  • Em caso de confronto:
  • Parar e pensar – Pensar nas consequências se também ele magoar alguém;
  • Agir com confiança, determinação e calma – “Chega, não gosto do que estás a fazer”;
  • Sair ou fugir do local e procurar um lugar seguro e/ou um adulto.

Após o confronto:

  • Não deixar de ir à escola desde que não haja perigo efetivo – e enfrentar o medo com apoio de colegas e professores;
  • Manter-se acompanhado;
  • Escolher sempre formas mais eficazes de interagir e de se relacionar com os outros.

Utilização correta da câmara expansora

Texto do Pediatra Dra. Inês Serras e Dr. Luís Gonçalves

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Utilização correta da câmara expansora

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A via inalatória é a via de eleição para administração de fármacos para o tratamento de doenças respiratórias.

Existem duas formas de administração: em aerossol e em câmara expansora. O aerossol é cada vez menos recomendado, pois é mais dispendioso e mais moroso de administrar. A câmara expansora é o meio de administração preferível, uma vez que é mais rápido, mais prático e mais confortável para a criança. Os tamanhos das câmaras variam em função da idade da criança:

  •  0-18 meses: máscara pequena (amarela)
  • 1-5 anos: máscara média (laranja)
  • Acima dos 5 anos: sem máscara a aplicação é bucal.

A eficácia do tratamento depende da correta utilização do dispositivo. Deve levar sempre o seu dispositivo inalatório quando for às consultas/atendimento permanente.

Preparação

A criança deve estar em pé ou sentada, idealmente calma.

  • Retirar o contentor cilíndrico da embalagem, aquecê-lo entre as mãos e adaptá-lo novamente; retirar a tampa protetora e com o inalador na vertical (L) inserir o bucal na parte de trás da câmara expansora
  • Se a criança tiver menos de 5 anos, adaptar a máscara no bucal da câmara expansora. A máscara deve adaptar-se à face de modo a não haver fugas. Aplicar a máscara na face da criança
  • Se a criança tiver mais de 5 anos, aplicar o bucal da câmara expansora entre os dentes, com a língua por baixo.

Tomar a medicação

  • Pressione o inalador apenas uma vez (1 “puff”)
  • Se a criança tiver menos de 5 anos: aguarde 5 respirações lentas (a válvula deve movimentar-se durante a respiração)
  • Se a criança tiver mais de 5 anos: peça-lhe que inspire lentamente e pause 4 segundos, mantendo os lábios bem cerrados
  • Se tiver sido prescrito mais do que um “puff”, retirar da boca e aguardar 30 segundos a 1 minuto para nova inalação
  • Agitar novamente o inalador adaptado ou não à câmara expansora e repetir os passos 1 e 2/3.

Limpar a câmara

  • Desmontar todas as peças possíveis e colocá-las em recipiente com água morna e detergente líquido da loiça, durante 15 minutos.

PROBLEMAS DE SAÚDE

Dificuldades de aprendizagem específicas

Texto do Neuropsicólogo Dr. Filipe Fernandes

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Anafilaxia

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Falamos em dificuldades de aprendizagem quando uma criança não consegue aprender uma matéria ou tarefa para a qual é suposto não haver dificuldades na sua idade.

É importante distinguir entre dificuldade de aprendizagem geral, como por exemplo decorrente de atraso no desenvolvimento cognitivo ou perturbação do espectro do autismo, e dificuldades de aprendizagem específicas (DAE).

As DAE são a causa mais comum de insucesso escolar, resultando de um défice específico na capacidade do cérebro para receber, processar ou comunicar informação. Estas dificuldades não deverão resultar de falta de prática, do método de ensino utilizado, ansiedade e depressão, perturbações comportamentais ou devido a défices percetivos periféricos (visão ou audição).

O principal sinal de DAE é uma diferença significativa entre as expetativas depositadas no desempenho escolar da criança (tendo em conta o seu funcionamento intelectual, adequação comportamental e familiar e o bem-estar emocional) e o desempenho escolar efetivo dessa criança. A criança mostra adequado nível de raciocínio e de compreensão das tarefas e matérias, mas falha nas aprendizagens e na avaliação escolar

É necessário avaliar adequadamente crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem escolar de modo à obtenção de um diagnóstico que permita o apoio e acompanhamento que a criança necessita. É necessário recolher informação em entrevista com os pais, com os professores, observar a criança e aplicar testes estandardizados de desempenho cognitivo. A deteção precoce permite estabelecer intervenções dirigidas às dificuldades da criança, melhorando significativamente o desempenho da criança e diminuído a frustração.

As DAE mais comuns:

  • Dislexia – dificuldade na aprendizagem da leitura;
  • Disgrafia/Disortografia – dificuldades na aprendizagem da escrita;
  • Discalculia – dificuldades na aprendizagem do cálculo, fatos aritméticos ou quantidades;
  • Dispraxia – dificuldades na motricidade ou coordenação motora;

O Défice de Atenção (dificuldades na orientação, manutenção e divisão do foco atencional, impulsividade, dificuldades no planeamento), com ou sem hiperatividade, encontra-se também frequentemente presente em conjunto com DAE.

As DAE são permanentes e a criança necessita de um acompanhamento para a reabilitação ou remediação da sua dificuldade. Frequentemente são necessárias medidas de apoio e adequação no meio escolar para minimizar o impacte das DAE sobre o percurso escolar da criança.

É importante reiterar que as DAE são independentes do funcionamento intelectual da criança. Uma DAE não deverá impedir qualquer criança de crescer de um modo saudável, de cumprir o seu potencial intelectual e ser feliz. Einstein ou Steve Jobs tinham DAE (dislexia) e foram personalidades de extremo sucesso.

Enurese noturna

Texto da Pediatra Dr.ª Patrícia Mendes

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Escabiose

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A criança desenvolve a capacidade de reter a urina durante algum tempo geralmente até aos 3-4 anos de idade, primeiro durante o dia e depois durante a noite.

A perda involuntária de urina durante o sono (fazer chichi na cama) de uma criança com 5 ou mais anos de idade é denominada enurese noturna e, é relevante se ocorre duas ou mais vezes por semana e/ou, tem repercussão para a criança e família.

Trata-se de uma situação frequente, sendo que é mais prevalente nos rapazes e diminui com a idade. Aos 5 anos, 20% das crianças são enuréticas e a frequência diminui até aos 5% pelos 10 anos, mas pode prolongar-se até à adolescência ou mesmo até à idade adulta.

Quando não se verificam outras perturbações urinárias durante o dia, consideramos tratar-se de enurese noturna monossintomática e quando existem outras, a situação passa a designar-se de enurese noturna polissintomática. A enurese também se classifica de primária se a criança nunca adquiriu o controlo de urina durante a noite ou secundária quando se verificou um período de, pelo menos, seis meses de continência.

Conheça as causas e os tratamentos no artigo completo ENURESE NOTURNA. NUNCA SE TRATA DE PREGUIÇA OU DESLEIXO da autoria da Dra. Patrícia Mendes.

O meu filho tem varicela?

Texto do Pediatra Dr. António Salgado

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Anafilaxia

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A varicela é uma infeção causada pelo vírus Varicela-Zoster. É muito contagioso, sendo o contágio feito através do contacto com as secreções nasais e saliva da criança ou com o conteúdo das vesículas cutâneas.

Os primeiros sintomas podem surgir até 21 dias (3 semanas), após o contacto com outra pessoa com varicela.

Inicialmente surgem, dispersas pelo corpo, manchas vermelhas que progressivamente evoluem para pápulas e pequenas vesiculas de conteúdo transparente, que posteriormente secam. Estas causam comichão.

Uma característica da varicela é poderem ser observadas estas 4 fases em simultâneo na mesma criança, o que não acontece com outros exantemas.

Atingem também o couro cabeludo e as mucosas (boca).

Demoram em média 6 a 9 dias até cicatrizarem.

É uma doença de evicção escolar e as crianças são contagiosas até estarem todas as vesiculas em fase de crosta.

Outros sintomas para além da comichão podem ser mal-estar geral, febre e dor referida a boca (resultante de aftas que o vírus provoca).

O que devo fazer?

Há algumas medidas que podem ajudar a aliviar a comichão, como: cortar as unhas rentes, banho com água tépida e solução de lavagem sem sabão, utilizar produtos cutâneos não abrasivos e reforçar a hidratação da pele.

Devem ser observados pelo médico, que eventualmente, prescrevera:

  • Anti-histamínico, para prevenir a comichão
  • Paracetamol para febre, porque o ibuprofeno deve ser evitado neste caso
  • Analgesia tópica para aftas
  • Creme hidratante com caladrina
  • Solução de lavagem sem sabão
  • Antiviral (aciclovir), se a criança for observada até 48 horas do início das vesiculas, que permite diminuir a intensidade e duração da doença, mas apenas se administrado na altura certa

Quando deve voltar a ser observado/a?

Podem existir complicações que devem motivar a re observação, nomeadamente:

  • Alterações na pele sugestivas de infeção – rubor marcado, inchaço, pus ou dor
  • Vesiculas peri-oculares
  • Presença de sintomas respiratórios, como por exemplo a tosse, principalmente se acompanhada de persistência de febre para alem de 3-4 dias, com picos mais próximos e prostração.
  • Alteração do comportamento (maior sonolência, irritabilidade) ou do equilíbrio na marcha

 


Anafilaxia

Texto do Pediatra Dr. João Tavares

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Anafilaxia

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O que é a Anafilaxia?
É uma reação de hipersensibilidade imediata, aguda e sistémica, em que os sinais e sintomas refletem os efeitos fisiológicos da libertação de mediadores celulares (células mastocitárias e basófilos periféricos do sangue) que causam vasodilatação e espasmo da musculatura lisa, nomeadamente a nível brônquico. Ocorre após exposição a um de terminado antigénio.

Quais são as causas?
As causas mais habituais são a hipersensibilidade a alimentos, fármacos e picadas. De entre os antigénios alimentares, os mais comuns são ovos, leite, nozes, amendoim e marisco, sendo a apresentação rara antes dos 12 meses de idade. Antibióticos, nomeadamente penicilina e cefalosporinas, e anestésicos tópicos são agentes frequentes em idades mais tardias.

Quais são os sintomas?
Os sintomas surgem geralmente segundos a minutos após a exposição ao antigénio (que pode ou não ser previamente conhecido). Habitualmente existe rubor, prurido localizado a generalizado, lesões cutâneas, tonturas, lacrimejo, olho vermelho, edemas labial e perioral. Pode estar associada falta de ar, dificuldade em engolir, cólicas, náuseas, vómitos. Choque anafilático, angioedema e obstrução brônquica são geralmente manifestações de doença grave e, nesses casos, representam uma emergência pediátrica.

Como posso ajudar o meu filho? Devo recorrer ao Hospital?
Perante a suspeita de uma reação anafilática, deve ser realizada uma observação médica. Nos casos ligeiros, o tratamento de suporte pode ser suficiente e estudo analítico pode ajudar a definir a etiologia. O tratamento de eleição é a adrenalina (aumenta a resistência vascular periférica, relaxa o músculo liso e alivia o edema e a urticária) e pode ser administrada através de canetas injetáveis previamente prescritas pelo médico assistente ou em contexto hospitalar nos casos sem historial prévio.

Conforme a gravidade da situação, podem ser terapêuticas adicionais e, pelo risco de reação bifásica com reaparecimento dos sintomas 6-24h após a manifestação inicial, pelo que se devem manter sob observação clínica durante este período.

O que acontece após a alta?
Os casos confirmados de anafilaxia devem ser encaminhados a uma consulta de Imunoalergologia, de forma a identificar/otimizar evicção do antigénio e conduta de atuação em caso de nova reação anafilática.

Para mais esclarecimentos, aconselhe-se junto do seu médico assistente.

Escabiose

Texto do Pediatra Dr. João Tavares

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Escabiose

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O que é a Escabiose?
A escabiose, também conhecida como sarcoptose ou sarna, é uma ectoparasitose cutânea causada pelo Sarcoptes scabiei variante hominis, de elevada incidência mundial e frequente em idade pediátrica. É altamente contagiosa, com transmissão por contacto cutâneo direto ou, menos frequentemente, por fómites, sou seja, através de superfícies/objetos, atingindo todos os grupos etários e classes sociais.

Como se pode manifestar?
Geralmente manifesta-se por uma erupção cutânea inicialmente localizada (com disseminação posterior), muito pruriginosa e que frequentemente atinge múltiplos conviventes ou coabitantes. Nas crianças mais pequenas (habitualmente nos dois primeiros anos de vida), pode predominar um atingimento das palmas e plantas e pode ser associado a clínica inespecífica, estando o prurido muitas vezes ausente e manifestando-se inicialmente como perturbações do sono/alimentação e irritabilidade. Mesmo após um tratamento eficaz, o prurido cutâneo pode-se manter por 2-4 semanas após o tratamento, sem que isso indique a ausência de cura.

Como é feito o diagnostico e onde me devo dirigir?
O diagnóstico é clínico, podendo ser realizado por um pediatra / dermatologista. Pode dirigir-se ao Serviço de Atendimento Permanente ou agendar uma consulta de Pediatria / Dermatologia. Após a realização do tratamento é recomendada uma reavaliação clínica após duas semanas para confirmação de cura. Em casos particulares, perante dúvida clínica ou inexistência de resposta terapêutica, pode-se recorrer à confirmação por observação microscópica.

Como se trata?
O tratamento curativo é geralmente tópico, adaptado à idade e caso-a-caso, sendo geralmente extensível a todo o agregado familiar (colegas de sala e professores assintomáticos não necessitam de tratamento). Não deve ser esquecido o tratamento de suporte, com vista a minimização do prurido e lesões secundárias associadas e a otimização da regeneração da pele. O tratamento concomitante dos fómites (lençóis, roupas, etc.) é essencial para evitar a reinfeção.

A criança pode regressar à escola após o tratamento?
Após 24h de tratamento eficaz, a criança e os pais podem regressar às atividades letivas e escolares sem restrições.

Para mais esclarecimentos, aconselhe-se junto do seu médico assistente.


O meu filho bateu com a cabeça

Texto do Pediatra Dr. António Salgado

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O meu filho bateu com a cabeça

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Os traumatismos cranianos são frequentes em pediatria, principalmente nos primeiros anos de vida, secundários principalmente a acidentes.

Na sua maioria são ligeiros e sem consequências, mas grande motivo de preocupação para os pais, havendo alguns sintomas que, se presentes, devem motivar a observação da criança, pelo risco aumentado de lesão intracraniana.

Após um traumatismo craniano, as crianças e/ou jovens devem ser vigiados relativamente a alguns sinais e sintomas que podem determinar a gravidade da situação. Estes embora mais frequentes nas primeiras 12h após o traumatismo, devem ser alvo de vigilância até cerca de 48h depois.

Se presentes podem implicar a realização de um exame de imagem.

Assim devem ser observados, se:

  • Apresentarem sonolência exagerada com despertar difícil e fora das horas habituais de dormir
  • Alteração do comportamento habitual (agitação, irritabilidade)
  • Vómitos persistentes (3 ou mais)
  • Dor de cabeça intensa e a piorar (sem melhoria com paracetamol)
  • Convulsão ou desmaio
  • Falta de força ou “dormência” num lado do corpo
  • Alteração da visão, fala ou da marcha (desequilíbrio)
  • Saída de sangue ou líquido pelo nariz ou ouvido
  • Se tem menos de 2 anos e existir abaulamento da fontanela anterior (“moleirinha”)
  • Hematoma na cabeça que não seja anterior
  • Mecanismo de alto impacto: queda superior a 90 centímetros em crianças com menos de 2 anos ou mais de 1,5 metro em crianças com mais de 2 anos, acidente de viação, atropelamento ou ferida penetrante
  • Se tem ferida sangrante ou hematoma a aumentar

Se não tiver nenhum destes sinais e sintomas, pode aplicar gelo sobre o local, pode administrar o paracetamol (com a ressalva se a dor de cabeça piora deve ser observado) e promover um ambiente calmo.

Não esquecer que prevenir é melhor que remediar.

Assim, as crianças devem sempre usar capacete, quando andarem de bicicleta ou skate, devem ter sempre um adulto por perto quando andam, cumprir as regras de segurança para o transporte em automóvel e ensinadas as regras do transito assim que sejam compreendidas, devem ser aplicadas barreiras em escadas, nunca devem ser deixados em sítios altos sem apoio de um adulto, desde os primeiros dias.

Obesidade infantil

Texto do Pediatra Dr. Víctor Miranda

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Obesidade infantil

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A obesidade infantil tem-se tornado um problema importante de Saúde Publica nos últimos anos.

Dado o conhecimento atual de que hábitos alimentares errados e excesso de peso podem ter efeito prejudicial para toda a vida, é fundamental dar a devida importância a este tema.

O cálculo do índice de massa corporal, baseado na estatura e peso, é o parâmetro que define excesso de peso e obesidade, de acordo com curvas de percentis ajustadas para a idade e género da criança. 

As crianças com excesso de peso e obesidade têm risco aumentado de várias doenças na idade pediátrica e adulta, incluindo asma, hipertensão arterial, patologia osteoarticular (joelhos e costas), doenças de fígado, apneia do sono, diabetes, enfartes do miocárdio e alguns tipos de cancro.

O balanço entre fatores genéticos, ingestão alimentar (em quantidade e qualidade) e a atividade física, resultam no peso adequado ou exagerado em cada situação. Na avaliação do excesso de peso e obesidade podem ser necessários exames complementares para perceber mais completamente o caso em questão.

Para ajudar as crianças a ter um peso saudável é necessário investir na alimentação adequada (com várias porções de fruta e vegetais por dia, é importante fazer boas escolhas na comida que compram para casa), na redução de “tempo de ecrã” e atividades sedentárias, programar atividade física diária, beber água (evitar sumos e refrigerantes), promover horas adequadas de sono.

Os objetivos devem ser realistas e faseados, e toda a família deve estar envolvida no propósito de atingir um peso mais saudável para a criança. Poderão sempre procurar ajuda com o vosso médico assistente e nutricionista/técnicos de exercício físico. 


A diarreia na criança

Texto do Pediatra Dr. António Salgado

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O meu filho tem diarreia

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O que é diarreia?
A diarreia é um aumento no volume de fezes face ao normal da sua criança.

Em bebés, que habitualmente tem mais trânsitos intestinais, significa que as fezes são mais aquosas ou ainda mais frequentes.

Nos mais velhos, podem apresentar apenas um aumento no número de fezes diárias (geralmente 3 ou mais).

O que causa a diarreia?
As causas mais comuns para diarreia são infeções virais e efeitos secundários após toma de antibiótico. As bacterianas são menos frequentes.

Se as dejeções são acompanhadas por sangue e muco (parece “ranho), a probabilidade de infeção bacteriana é maior e a criança deve ser observada e eventualmente colher uma cultura das fezes, para excluir estas causas.

O que devo fazer?
A sua criança pode continuar a comer uma dieta normal, nomeadamente: carnes brancas, arroz, pão, massas, leite e iogurte (sem lactose), frutos e vegetais (exceto, por exemplo, algumas frutas como a ameixa e vegetais de folha verde). Devem ser evitadas comidas com gordura e bebidas com açúcar.

Caso seja amamentada, deve manter o aleitamento materno.

Os alimentos devem ser oferecidos, sem insistir, uma vez que pode ter menos apetite.

Devem ser reforçados os líquidos, oferecendo mais vezes por dia e pode ser administrada uma solução de hidratação oral (que existe com o fim de promover uma hidratação equilibrada).

Para promover uma normalização do transito intestinal, podem ser administrados pré e probióticos (existindo várias formulações disponíveis). Existem outros medicamentos adjuvantes, como antissecretórios, entre outros, que devem ser administrados apenas por recomendação do seu médico.

Quando deve ser observado/a?

  • Se apresentar sinais de desidratação, como língua seca, choro sem lagrima, menos micções, olhos encovados ou fontanela (“moleirinha”) deprimida.
  • Se estiver prostrado (sonolento e menos reativo a estímulos) ou com irritabilidade e gemido.
  • Se as dejeções forem muito frequentes (mais de 6 em 12 horas) e/ou que extravasam a fralda.
  • Se tiver vómitos persistentes (apos o segundo consecutivo)
  • Se a diarreia for sanguinolenta.
  • Se tiver menos de 12 meses e não comer ou beber nada por mais de algumas horas.
  • Se tiver dor abdominal continua, intensa e/ou persistente.
  • Se tiver febre alta (>39.5ºC axilar) e difícil de baixar (mesmo após
  • medicação). 

Pronação dolorosa

Texto do Pediatra Dr. João Tavares

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Pronação dolorosa

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O que é a pronação dolorosa?
A pronação dolorosa é uma lesão do cotovelo que ocorre frequente e exclusivamente em idade pediátrica. Trata-se de uma subluxação (separação parcial das superfícies articulares) da cabeça de um dos ossos do antebraço, o rádio, na zona do cotovelo. É a lesão do cotovelo mais frequente nas crianças e ocorre normalmente entre os 12 meses e os 4 anos.

Em que circunstâncias ocorre?
Normalmente, ocorre quando o membro superior da criança é puxado subitamente para cima quando esta tem o antebraço em pronação (isto é, com a palma da mão a apontar para trás). Este movimento é frequente quando a criança é elevada do solo pelas mãos, com os cotovelos esticados (comum quando esta tropeça e é puxada pela mão para não cair ao chão) ou, num movimento idêntico, quando se “pendura” por uma ou ambas as mãos num sítio mais elevado.

Porque é que acontece?
Com o movimento previamente descrito, a cabeça do rádio é puxada para fora e o ligamento que a “segura” no sítio (ligamento anular) desliza para dentro da articulação, ficando entre as duas estruturas e impedindo o regresso da cabeça do rádio à sua posição natural. Isto ocorre porque o ligamento nas crianças é fino e elástico. Com o crescimento, este torna-se mais espesso e forte, pelo que a lesão não acontece nos mais velhos.

Como se manifesta?
Após a lesão, a criança sentirá dor se tentar fazer supinação do antebraço (movimento contrário à pronação, ou seja, virar a palma da mão para a frente), porque estará a ‘apertar’ o ligamento que saiu do sítio. Assim, a criança evita fazer este movimento e tenderá a não utilizar o membro envolvido, mantendo-o quieto junto ao corpo, com o cotovelo estendido ou ligeiramente fletido e antebraço em pronação. Normalmente, os pais notam que, se oferecerem um brinquedo à criança, ela utiliza sempre o outro braço.

Como se diagnostica?
O diagnóstico é clínico, ou seja, através do exame físico da criança e da história clínica fornecida pelos pais. Não é necessária, por rotina, radiografia ou outro exame complementar de diagnóstico. Se o traumatismo tiver sido mais complexo que um simples “puxão” pode haver fratura óssea – mas, nesse caso, existem outros achados ao exame físico, como inchaço da articulação e dor local, mesmo com o braço em repouso.

Como se trata?
O tratamento consiste numa manobra feita por um médico. Não é preciso anestesia ou sedação – embora seja dolorosa para a criança, a manobra é rápida. É realizada uma manipulação específica no membro superior afetado, que devolve as estruturas à sua posição normal. O sucesso da manobra é confirmado quando a criança volta a movimentar o braço, o que habitualmente ocorre alguns minutos depois – algumas crianças poderão demorar mais tempo que outras a mover o braço, por receio que volte a doer. Depois disto, não é necessário imobilizar o braço nem fazer repouso.

Pode voltar a acontecer? Como prevenir?
Após o episódio, o ligamento anular fica mais “laxo” pelo que é mais provável a recorrência. Até o ligamento ficar mais forte e tenso, o que acontece pelos 4-5 anos, a pronação dolorosa pode voltar a acontecer, pelo que é importante evitar puxar a criança pelo braço. Se a situação se repetir, a criança deverá ser levada ao médico, para que este realize a manobra – os pais não deverão tentar realizá-la, mesmo que já a tenham visto fazer uma vez ou mais.

Há consequências a longo prazo?
Não, a criança não ficará com sequelas ou limitações no futuro, mesmo que os episódios sejam recorrentes.



O meu filho tem febre

Texto do Pediatra Dr. António Salgado

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O que é a febre e como medir?

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O que é a febre e como medir?
É a temperatura 1°C acima da média da temperatura basal diária individual, no mesmo local de medição.

Se esta não for conhecida, considera-se febre os seguintes valores:

  • Retal ≥ 38ºC
  • Axilar ≥3 7,6ºC
  • Timpânica ≥ 37,8ºC
  • Oral ≥37,6ºC

A febre é uma manifestação de combate às infeções e, por isso, benéfica. Quando as situações com febre são graves (5% dos casos), existem sempre outras manifestações associadas, os chamados “sinais de alerta”.

Quais são os “sinais de alerta” numa criança com febre?
Na presença de um ou mais destes sinais de alerta, a criança deve ser observada:

  • Irritabilidade e/ou gemido mantido
  • Sonolência excessiva ou incapacidade em adormecer
  • Choro inconsolável/Não tolerar o colo
  • Face/olhar de sofrimento
  • Respiração rápida com cansaço
  • Lábios ou unhas roxas e/ou tremores intensos e prolongados na subida térmica
  • Urina turva e/ou com mau cheiro
  • Convulsão
  • Manchas na pele nas primeiras 24 a 48 horas de febre
  • Vómitos repetidos entre as refeições
  • Sede insaciável
  • Recusa alimentar total superior a 12 horas
  • Dificuldade em mobilizar um membro ou alteração na marcha
  • Febre com mais de 5 dias.

Numa criança com febre, quais os “sinais tranquilizadores”?
Embora possam ser incomodativos para a criança e poderem exigir observação médica, estes sinais sugerem doença sem gravidade:

  • Criança que brinca e tem atividade normal
  • Sorriso aberto ou fácil
  • Dor a engolir com placas brancas na garganta e/ou associada a olhos vermelhos e/ou a tosse
  • Gengivas dolorosas, vermelhas, sangrantes
  • Aftas orais
  • Diarreia ligeira (ou moderada) sem sangue, muco ou pus
  • Come menos, mas não recusa os líquidos
  • Acalma ao colo e tem comportamento habitual
  • Tosse seca e irritativa muito frequente, sendo o sintoma que mais perturba a criança
  • Pieira sem dificuldade respiratória
  • Olhos vermelhos com secreções
  • Manchas vermelhas dispersas, que surgem só a partir do 4º dia de febre.

 


O que fazer quando a criança/adolescente tem febre?

  • Oferecer água e/ou leite; adequar o vestuário e a roupa da cama à sensação de frio ou de calor; respeitar o apetite

  • Se está confortável não é preciso baixar a temperatura, mas vigiar se surgem os “sinais de alerta” (descritos anteriormente)
  • Se está desconfortável, deve tomar um antipirético (que também é analgésico, isto é, alivia a dor); mas não se deve fazer arrefecimento (banho, compressas, ventoinhas) para baixar a temperatura
  • Como antipiréticos, utilizar o paracetamol e/ou o ibuprofeno (exceto se: alergia; idade < 6 meses; varicela; diarreia e vómitos moderados a graves). Podem ser administrados individualmente de 8/8h ou, se picos febris próximos, alternados até 4/4h.

Considera-se que o antipirético é eficaz se baixar a temperatura 1,0º a 1,5ºC em 2 a 3 horas. O objetivo do antipirético é aliviar o desconforto da criança e não eliminar a febre a todo o custo. Mesmo não medicada, a temperatura acabará, em regra, por baixar espontaneamente algumas horas depois, voltando a subir ao fim de poucas horas, e assim sucessivamente, até a doença passar.

Quando é que uma criança/adolescente com febre deve recorrer ao hospital/contactar pediatra?

  • Idade inferior a 3 meses de idade (idade corrigida se prematuros)
  • Idade inferior a 6 meses com temperatura axilar ≥ 39,0ºC ou retal ≥ 40,0ºC
  • Temperaturas axilares superiores a 40,0°C ou retais superiores a 41,0°C
  • Presença de um ou mais “sinais de alerta” (descritos anteriormente)
  • Se coexistir uma doença crónica grave
  • Se febre há 5 ou mais dias, ou se a febre reaparecer após 2 a 3 dias de temperaturas normais.

Pontos-Chave a reter

  • A febre é apenas um sintoma e não uma doença
  • O tratamento da febre (antipiréticos) não encurta a duração da febre nem contribui para a resolução da doença causal; se a temperatura não voltar ao normal após a administração dos antipiréticos, só por si, não é sinal de gravidade desde que baixe de 1,0º a 1,5ºC
  • O tratamento da febre previne convulsões febris que, globalmente, são pouco comuns (< 1% dos episódios febris até aos 2 anos, diminuindo depois dessa idade); as convulsões assustam quem as presencia, mas, em regra, não provocam danos cerebrais
  • Na fase de subida da febre o arrefecimento (com banho, compressas húmidas, álcool ou ventoinhas) está desaconselhado: não contribui para o controlo da doença, nem para o bem-estar da criança
  • A presença de “sinais de alerta”, o estado geral da criança e/ou ter menos de 3 meses de vida, são mais importantes do que os graus da temperatura e/ou a duração da febre
  • O aparecimento (ou não) dos “sinais de alerta” dita a necessidade (ou não) de ser observado, independentemente do dia de febre
  • As viroses, responsáveis pela grande maioria dos episódios febris, duram em média 4 dias completos (e 5 dias, ou mais, em 30% dos casos).